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Relatório mostra riscos a migrantes e refugiados na travessia à Europa

Foto: Acnur/J.Zocherman

Relatório mostra riscos a migrantes e refugiados na travessia à Europa

Após fechamento da rota do oeste do Bálcãs e da declaração conjunta da União Europeia e Turquia, número de pessoas chegando à Grécia pelo leste do Mediterrâneo diminuiu; muitos lançam mão de traficantes de seres humanos para chegar ao continente.

Monica Grayley, da ONU News em Nova Iorque.

A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, afirma que muitos migrantes continuam a utilizar meios cada vez mais perigosos para chegar à Europa.

Num novo relatório, o Acnur afirma que desde restrições impostas no ano passado, vários refugiados e migrantes tiveram que procurar traficantes de seres humanos para alcançar o continente pelo mar.

Caminhos legais

Em 2016, o oeste dos Bálcãs foi fechado para novas passagens, e um acordo entre a Turquia e a União Europeia impediu caminhos legais para a Europa.

A rota do Mediterrâneo central pelo norte da África à Itália tornou-se o ponto primário de entrada para o continente europeu. Autoridades italianas informam que 181.436 pessoas chegaram ao país de navio vindas da Líbia. A maioria era da Nigéria e da Eritreia.

Subiu também o número de crianças desacompanhadas ou separadas durante a travessia. Somente no ano passado, foram mais de 25 mil. Elas representam 14% de todas as novas chegadas à Itália, mais que o dobro do registado em 2015.

Extorsão

Ainda no ano passado, 5096 refugiados e migrantes foram dados como mortos ou desaparecidos no mar, 90% viajavam para a Itália. O número equivale a um óbito a cada 40 pessoas escapando por água.

De acordo com o relatório do Acnur, mais pessoas tentaram entrar na Europa através do oeste do Mediterrâneo cruzando o mar do Marrocos e da Argélia para a Espanha, ou entrando através dos enclaves de Ceuta e Melilla.

Dezenas de milhares de pessoas foram paradas em postos de controle em países como Bulgária, Croácia, Espanha, Grécia e Hungria, entre outros.

O Acnur afirma ter recebido relatos de migrantes e refugiados sequestrados ou mantidos contra sua vontade por vários dias ao longo da rota para a Europa. Muitos sofrem abusos físicos, incluindo sexuais, são torturados ou extorquidos por criminosos.

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