África Austral adota plano para combater lagarta de “grande poder destrutivo”

Angola e Moçambique podem ser ameaçados pela praga; centenas de milhares de hectares já foram afetados nos vizinhos Zâmbia, Zimbabué, Maláui e Namíbia; FAO cita gastos de mais de US$ 600 milhões por ano para tentar controlar infestações no Brasil.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
Vários países africanos aprovaram um plano para aumentar a sua capacidade para lidar com pragas em culturas e doenças do gado.
A estratégia inclui combater a que é conhecida como lagarta do cartucho do milho, com o nome científico Spodoptera frugiperda. O verme já causou prejuízos em centenas de hectares de campos agícolas da África Austral.
Medidas
Falando à ONU News, de Maputo, o representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, em Moçambique, Castro Camarada, disse que o país não está livre da ameaça.
“Na Zâmbia foi detetada alguma infestação. Creio que no Zimbabué e no Maláui também. Moçambique faz fronteira com estes países e Angola também com a Zâmbia. Ao que parece na Namíbia há alguma suspeição, não há confirmação. Mas como são países transfronteiriços de facto há esse risco. Por isso é que os países todos da Sadc, e alguns até da África Oriental, reuniram-se para se tomar algumas medidas, o mais rápido possível, de contenção, de prevenção e de combate lá onde já existam alguns focos.”
Busca da resposta
A capital zimbabueana, Harare, acolheu até quinta-feira a reunião de emergência de 16 países das duas regiões em busca da resposta à “grande infestação” em pelo menos sete deles. Nas áreas afetadas vivem 70% dos habitantes da sub-região austral africana.
De acordo com a FAO há graves implicações nas nações onde a lagarta é endémica. Um dos exemplos é o Brasil, onde segundo a agência o governo gasta mais de US$ 600 milhões por ano para tentar controlar as infestações.
Recursos
A agência deve apoiar os países em estreita colaboração com a comunidade dos países da África Austral, Sadc, e com os seus parceiros para implementar atividades de avaliação.
A ideia é compreender melhor a extensão e a intensidade da ameaça da praga da lagarta para a região. As ações também devem mobilizar os recursos necessários para combater a praga, incluindo recursos humanos e financiamento.
Os governos que participam no plano foram encorajados a lançar campanhas de sensibilização para agricultores, extensionistas e outras partes envolvidas.
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