Hospital na República Centro-Africana sofre nova invasão armada
Representante humanitário fala do segundo ataque às mesmas instalações em quatro dias; grupo entrou no local “para matar pacientes”; ação ocorreu após ofensiva militar que matou três e feriu dezenas em Bangui.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O coordenador humanitário interino da ONU na República Centro-Africana deplorou a invasão de elementos armados a uma instalação de saúde “para matar alguns dos feridos” após uma operação militar em Bangui.
Na quarta-feira, Michel Yao disse que o local tinha vítimas de uma ação ocorrida no bairro PK5. Pelo menos três pessoas morreram e 26 contraíram ferimentos entre civis e combatentes. O incidente foi o segundo ocorrido no mesmo centro de saúde em quatro dias.
Violação
O também representante da Organização Mundial da Saúde, OMS, na República Centro-Africana condenou com veemência a violação do direito internacional humanitário.
Yao frisou que é inaceitável que elementos armados cheguem ao hospital para matar pacientes.
Livre acesso
O apelo a todas as partes envolvidas é que “respeitem as instalações de saúde e garantam o caráter civil desses locais, para permitir o livre acesso dos pacientes e do pessoal médico”.
A nota revela ainda que durante o incidente foram destruídas várias casas, uma escola e uma igreja.
O coordenador exortou a todas as partes, incluindo as autoridades nacionais, a “reforçar a proteção dos civis e a convivência pacífica das comunidades” centro-africanas.
Visita
O apelo coincidiu com o fim da oitava visita da relatora independente da ONU sobre os direitos humanos na República Centro-Africana, Marie Therese Keita-Bocoum.
A perita disse estar preocupada com o agravamento da insegurança e das situações humanitária e de direitos humanos em vários municípios. Para Keita-Bocoum, os progressos concretos no terreno são fracos.
Ela citou especialmente os desafios nas áreas da proteção civil, da luta contra a impunidade além do desarmamento, da desmobilização, da reintegração e do repatriamento.
A especialista chamou a atenção para um cenário de “múltiplos conflitos locais” com aliança de grupos armados “nacionalistas e considerados estrangeiros, por vezes com uma conotação étnica, que poderia tornar-se perigosa”.
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