Líbia: ONU deplora “padrão de estupro e escravidão sexual” contra migrantes
Representante para Crianças e Conflito fala de experiências de cativeiro de recém-libertados do Isil em Sirte; enviada pede revisão urgente da política migratória ; contrabandistas e traficantes envolvidos em violência sexual.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
Testemunhos de mulheres e crianças recém-libertadas do autoproclamado Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil, revelam um “padrão de estupro e escravidão sexual, particularmente contra migrantes” na Líbia.
A representante especial do secretário-geral para Crianças e Conflito Armado, Leila Zerrougui, disse que várias sobreviventes estão grávidas após as agressões que vieram a público depois da recente operação militar em Sirte, no leste.
Destino e trânsito
Em nota emitida esta terça-feira em Nova Iorque, Zerrougui manifesta grande preocupação com a situação dos migrantes na Líbia “sendo um país de destino e de trânsito”.
Nessas viagens, migrantes de várias idades enfrentam violações graves como violência sexual cometida pelas partes do conflito líbio. Os responsáveis incluem contrabandistas, traficantes e outros grupos criminosos.
Os riscos dos migrantes incluem incidentes de violência sexual durante a detenção em períodos que chegam a durar meses, nos centros oficiais e não oficiais com migrantes sem documentação.
Proteção
Para Zerrougui é “alarmante” a presença de mulheres e crianças detidas na prisão de Al Jawiya, em Misrata.
As condições precárias incluem celas superlotadas, falta de acesso a alimentos adequados, água e remédios. A representante lamentou também a ausência de guardas nesses locais, que seria uma “medida de proteção importante.”
O apelo às autoridades líbias é que revejam urgentemente a política migratória do país e adotem medidas de proteção adequadas, com o apoio das Nações Unidas e da comunidade internacional.
O objetivo é diminuir os riscos dos atos de violência sexual que tenham ocorrido durante a detenção de migrantes.
O outro pedido é que seja cumprida a resolução do Conselho de Segurança sobre o tráfico de pessoas e o uso de violência sexual por grupos extremistas.
O objetivo é garantir que as pessoas que tenham estado no cativeiro do Isil sejam antes de tudo consideradas “vítimas de terrorismo”, o que permitiria que recebessem indemnizações e apoio de subsistência.
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