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Acnur pede mais espaço a países vizinhos para acolher refugiados do Burundi

Acampamento para refugiados burundeses na Tanzânia. Foto: Acnur/Sebastian Rich

Acnur pede mais espaço a países vizinhos para acolher refugiados do Burundi

Número pode subir cerca de 30% este ano; Tanzânia acolhe mais de 600 burundeses por dia; limitações em acampamentos afetam serviços básicos, proteção da criança e combate à violência sexual.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.*

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur,  pediu urgentemente mais terras aos governos dos países vizinhos do Burundi para “garantir abrigo aos refugiados e evitar que as suas condições piorem drasticamente”.

A expectativa da agência é que 500 mil burundeses cruzem as fronteiras para a região. O aumento será de cerca de 30% do número atual de pessoas que deixaram o seu país desde o início da crise de 2015.

Negociações

As nações vizinhas recebem centenas de pessoas que deixam semanalmente o Burundi, principalmente após terem parado as negociações.

Nos países de acolhimento, a pressão por terras aumenta particularmente na Tanzânia, no Ruanda e na República Democrática do Congo, RD Congo. A maioria são mulheres, crianças e pessoas com necessidades especiais.

Somente a Tanzânia recebe mais de 600 burundesdes por dia. O país é o maior anfitrião de burundeses, com pelo menos 222 mil no seu território. A seguir estão o Ruanda, com 84 mil, e a República Democrática do Congo com mais de 32 mil.

Com novas terras seria aumentada a capacidade dos atuais acampamentos ou construídos novos locais antecipando “dificuldades para fornecer abrigo suficiente e serviços de auxílio nos acampamentos”.

Construção

O Acnur destaca que as atuais instalações precisam ser atualizadas com a construção de mais casas, escolas, centros de saúde e melhores sistemas de drenagem para diminuir o risco de doenças.

Entre os problemas atuais estão o acesso aos serviços sociais básicos, a proteção da criança, o combate à violência sexual e de género, a falta de aulas, a prevenção do absentismo e o apoio a pessoas com necessidades especiais.

Apesar da resposta positiva dos governos, a agência frisa que precisa de “mais ação” para evitar que os padrões e as condições de vida se agravem caso continue a diminuir o espaço para acomodar um número crescente de pessoas.

O outro pedido aos doadores é que aumentem os fundos de auxílio. Em 2016, o Acnur  recebeu pouco mais de US$ 96 milhões para apoiar a situação no Burundi, um valor que equivale a pouco mais de metade do que foi pedido.

*Apresentação: Denise Costa.

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