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Somália: mais de 6 mil crianças recrutadas por grupos armados desde 2010

Foto: ONU/Tobin Jones (arquivo)

Somália: mais de 6 mil crianças recrutadas por grupos armados desde 2010

Relatório da ONU revela que 70% dos casos envolvem as milícias al-Shabab; vítimas incluem crianças com nove anos; muitas aprenderam a usar armas e foram enviadas para a linha de frente.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.

Mais de 6 mil menores foram recrutados pelas partes envolvidas em confrontos durante seis anos na Somália, revela o relatório sobre o Impacto do Conflito Armado sobre Crianças.

A impunidade devido ao colapso do Estado de direito e a falta de autoridade em vastas áreas somalis estão entre os principais fatores, destaca o estudo da ONU que cobre o período entre abril de 2010 e julho de 2016.

Al-Shabab

A organização indica que pelo menos 70% dos casos envolvem as milícias al-Shabab. Grande número de menores foi recrutado na ofensiva de forças de segurança contra as milícias em 2012.

A ONU verificou mais de 3,4 mil casos de morte e de mutilação infantil na Somália, onde a maioria das vítimas foi apanhada no fogo cruzado.

Armas 

Grande parte dos menores foi integrar as fileiras al-Shabab que as “treinou e usou em combates”. Crianças com nove anos de idade chegaram a ser “ensinadas a usar armas e foram enviadas para a linha de frente”.

O estudo sublinha que a detenção de crianças pelas forças de segurança é também uma grande preocupação. Elas são acusadas de ameaçar a segurança nacional. Pelo menos 931 estiveram nessa situação entre 2014 e julho de 2016.

Contraterrorismo 

A falta de processos para os menores detidos é outra causa de apreensão por ser usada como “tática para levara a cabo operações de inteligência e atividades de contraterrorismo usado menores como como espiões”.

A representante do secretário-geral cobre violência em conflito disse que apesar da difícil situação de segurança, o governo somali fez esforços para proteger menores ao ratificar a Convenção sobre os Direitos da Criança e implementar os Planos de Ação em 2015”.

Leila Zerrougui pediu que essas ações continuem e sejam tomadas medidas como a criminalização do recrutamento e da utilização de crianças no conflito.

As outras sugestões incluem a emissão de ordens de comando que proíbam e sancionem o recrutamento e uma inspeção sistemática das tropas.