Violência provocou 40 mortos e mais de uma centena de feridos na RD Congo
Registos da ONU indicam que pelo menos 460 pessoas foram presas em protestos contra presidente; alto comissário dos Direitos Humanos deplora envolvimento de forças policiais, de defesa e de segurança em ações recentes.
Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos expressou preocupação com a morte de dezenas de pessoas nos últimos dias “pela polícia e por militares” na República Democrática do Congo, RD Congo.
Zeid Al Hussein alerta para uma “crescente instabilidade” no país onde 40 civis perderam a vida nas cidades de Kinshasa, Lubumbashi, Boma e Matadi. As vítimas eram principalmente manifestantes que exigiam a saída do presidente Joseph Kabila do cargo, cujo mandato terminou a 19 de dezembro.
Moderação
De acordo com a nota, 107 pessoas foram feridas ou maltratadas e pelo menos 460 foram presas.
Zeid declarou que o grande número de mortos e feridos sugere “um grave desprezo demonstrado pelas forças policiais, de defesa e de segurança para a necessidade de moderação no policiamento das manifestações.”
Ele destaca ainda que “não só os soldados participam em operações policiais, mas todas as forças envolvidas estão fortemente armadas e usam munição real.”
Meios extremos
Zeid lembra que agentes da lei, incluindo os militares, nunca devem usar armas de fogo “exceto contra quem represente uma ameaça iminente à vida ou de provocar ferimentos graves e somente quando os meios menos extremos não são suficientes.”
O chefe dos direitos humanos lembrou ainda que ninguém foi responsabilizado pela morte de 54 pessoas em Kinshasa, quando as forças de defesa e de segurança usaram força excessiva contra manifestantes em setembro.
Os protestos exigiam o respeito dos prazos aos constitucionais e que Kabila renunciasse no fim do mandato.
Para o alto comissário, tal impunidade com relação à violência no passado parece “ter incentivado o pessoal de segurança a acreditar que poderia abrir fogo contra os manifestantes sem ser responsabilizado pelas suas ações.”
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