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Sudão do Sul: Um povo traído BR

Celebrações da independência do Sudão do Sul em 2011. Foto: ONU/Paul Banks

Sudão do Sul: Um povo traído

Artigo* do secretário-geral defende que faltou lealdade dos líderes à confiança do povo; Ban Ki-moon sobre potencial risco de violíncia recorrente se tranformar em genocídio.

*Com a opinião de Ban Ki-moon sobre o conflito Sudão do Sul

O secretário-geral das Nações Unidas assina um artigo que marca o terceiro ano do conflito no Sudão do Sul. Os confrontos começaram em dezembro de 2013 com desentendimentos entre o presidente Salva Kiir e o seu então vice-presidente Riek Machar.

Ban recorda que participou nas celebrações da independência do país em 2011 na capital, Juba. Lembrando o momento, ele destaca a “esperança de que o povo sofredor no país rico em petróleo veria finalmente os frutos de um dividendo de paz depois de uma longa guerra civil”.

Preço

O chefe da ONU destaca, no entanto, que pelo contrário, o povo do Sudão do Sul enfrenta um triste aniversário. Ele destaca o “terrível preço e o aumento dos confrontos”, que já provocaram a morte de dezenas de milhares de pessoas.

Ban destaca ainda a destruição do tecido social do Sudão do Sul. “A economia está em ruínas. Milhões foram deslocados das suas casas. A fome e a pobreza são desenfreadas.”

As pessoas que carecem de ajuda essencial ultrapassam 6 milhões. O secretário-geral alerta que à medida que o conflito se intensifica, esse número está crescendo rapidamente. No mesmo ritmo seguem “as restrições impostas pelo Governo do Sudão do Sul à Missão das Nações Unidas no Sul do Sudão, Unmiss, e às organizações humanitárias”.

Traição

Ban revela que o povo do Sudão do Sul expressou esperança após a independência após décadas de guerra. Ele atribui aos líderes do

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Ban Ki-moon em visita ao Sudão do Sul. Foto: ONU/Eskinder Debebe
país “a responsabilidade primária pela traição da confiança popular trazendo o país à ruínas e a mais miséria.”

Em relação ao presidente Salva Kiir, Ban disse que “continuou com uma estratégia baseada na etnia para suprimir a dissidência, amordaçar a mídia, excluir atores significativos no processo de paz no Sudão do Sul e implementar de forma unilateral um acordo para realizar eleições”.

Perante combates que se alastraram por todo o país, Ban cita a ação de líderes de grupos armados sul-sudaneses, incluindo o chefe do principal Riek Machar por “estarem intensificando o conflito e manipulando a etnicidade para obter ganhos políticos”.

Limpeza étnica

O chefe da ONU declara que é bastante real o “risco de se intensificarem essas atrocidades em massa, que incluem episódios recorrentes de limpeza étnica, e se transformarem num possível genocídio”

Como sugestões, Ban defende o fim dos combates, seguido por um processo político genuinamente inclusivo. Se isso não acontecer de forma imediata, “o Conselho de Segurança deve impor um embargo de armas e sanções específicas para alterar os planos das partes e convencê-las a optar pelo caminho da paz”.

Crimes desprezíveis

Para o chefe da ONU é também crucial a prestação de contas para que “os responsáveis por esses crimes desprezíveis enfrentem a justiça – dos níveis mais altos até os soldados de infantaria que estão seguindo ordens.”

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Tropas das Nações Unidas no Sudão do Sul. Foto: Unmiss
No fim da nota Ban frisa que o tempo está se esgotando enquanto as partes em guerra se preparam para outro ciclo vicioso de violência após o fim da estação chuvosa. Ban deixa a responsabilidade pela restauração de um diálogo inclusivo em todos os líderes do Sudão do Sul.”

O secretário-geral que serão impostas sanções aos líderes de ambas as partes pela “comunidade internacional, a região e o Conselho de Segurança” com um possível fracasso em particular aos líderes de ambas as partes. “Devemos isso ao povo do Sul do Sudão, que sofreu muito, por muito tempo”, ressalta.