Iémen: Corno de África envia mais migrantes mesmo com piora do conflito
Acnur quer apoio urgente aos países de origem e de trânsito para desencorajar tentativas de fazer a viagem; Etiópia foi ponto de origem de mais de 80% dos migrantes, refugiados e candidatos a asilo.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O Corno de África foi o ponto de origem de mais de 100 mil migrantes que chegaram de barco ao Iémen este ano, apesar da rápida evolução do conflito e do agravamento das condições humanitárias.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, declarou esta terça-feira que o facto destaca que é preciso “apoiar urgentemente os países de origem e de trânsito para desencorajar as tentativas de fazer a viagem mortífera.”
Etiópia e Somália
Até meados de novembro, 105.971 fizeram o tipo de travessia principalmente através do Golfo de Áden. A Etiópia tem a maioria com 88.667. Da Somália partiram 7.293 pessoas. Mais de 92,4 mil pessoas fizeram a viagem no ano passado.
Para seguir viagem, muitos são enganados ou mal informados sobre a gravidade do conflito no Iémen ou a esperança de alcançar os Estados do Golfo. Eles fogem da pobreza, da perseguição e da insegurança nos seus países.
Exploração
O Acnur revela que as travessias para as jornadas arriscadas colocam os envolvidos em situações de conflito, abuso e exploração ao chegarem ao Iémen.
A agência fala de registos de abuso físico e sexual, privação de comida e água, sequestro, extorsão, tortura e trabalho forçado feitos por contrabandistas e redes criminosas que prendem e deportam as vítimas.
O conflito prolongado e a insegurança facilitam também a proliferação de redes de tráfico e de extorsão dos recém-chegados. Mulheres e crianças estão particularmente em risco de violência sexual e tráfico.
Este ano, pelo menos 79 pessoas que tentavam atravessar para o Iémen foram mortas ou desaparecidas.
Cerca de 20 meses depois do início do conflito, o Acnur considera a situação iemenita “muito precária” com as novas chegadas e dificuldades que expõem os envolvidos a vários perigos e à morte.
Os combates no Iémen deslocaram mais de 3,1 milhões de pessoas e 80% da população precisa de assistência humanitária.
*Apresentação: Denise Costa.
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