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Onda de violência na República Centro-Africana mata 85 civis em cinco dias

Integrante da Minusca na República Centro-Africana. Foto: ONU/Catianne Tijerina

Onda de violência na República Centro-Africana mata 85 civis em cinco dias

Conselheiro especial da ONU para Prevenção do Genocídio denuncia eclosão dos confrontos, iniciados no dia 21; 11 mil moradores deixaram a cidade de Bria; dois grupos armados se enfrentam e há risco de rápida escalada das tensões.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Conselheiro especial das Nações Unidas sobre Prevenção do Genocídio está extremamente preocupado com uma nova onda de violência na República Centro-Africana.

Segundo Adama Dieng, os civis estão a ser alvo devido a sua etnia ou religião. Desde segunda-feira, 85 pessoas foram assassinadas, 76 ficaram feridas e quase 11 mil pessoas deixaram a cidade de Bria devido aos conflitos entre dois grupos armados.

Ocupação

De um lado está a Frente Popular pela Renascença Centro-Africana, Fprc, e do outro lado está a União pela Paz Centro-Africana, UPC. O primeiro grupo tem como alvo a etnia fulani.

Homens armados fazem buscas nas casas, matam, roubam e sequestram os residentes. O Fprc também ocupou um hospital, para que os feridos ficassem sem  receber tratamento.

Os soldados de paz da Missão da ONU na República Centro-Africana, Minusca, foram enviados a Bria para tomar controlo do hospital e para proteger os civis. O próprio representante do secretário-geral no país viajou para a área na quinta-feira e fez um apelo ao fim imediato da violência.

Investigações

Ao condenar a onda de violência, o conselheiro Adama Dieng alertou para o risco da escalada dos ataques e de possíveis represálias. O especialista afirmou que devido à história recente do país, “esse tipo de violência que tem alvos específicos é extremamente perigosa e precisa acabar de imediato”.

Dieng lembra da responsabilidade do governo em proteger a população, independente da etnia ou filiação política dos civis. O conselheiro da ONU ressalta que outra medida importante é a luta contra a impunidade e pede investigação completa dos assassinatos.

O especialista elogia os progressos para o estabelecimento da Corte Criminal Especial na República Centro-Africa, que terá a função de investigar sérias violações da lei humanitária internacional, a incluir genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, cometidos no país desde 2003.

Confrontos também estão a ser reportados em Bambari e nesta sexta-feira, o vice-representante da ONU na República Centro-Africana seguiu para o local e pediu o fim das hostilidades, ao lado dos embaixadores dos Estados Unidos e da União Africana.