Crianças são metade dos centro-africanos que deixaram as suas casas

Conferência de Bruxelas pretende levantar US$ 3 mil milhões da comunidade internacional; Unicef revela que desnutrição afeta quatro em cada dez menores; até 10 mil crianças foram obrigadas a integrar grupos armados desde 2013.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
As crianças representam a metade dos 850 mil centro-africanos que continuam em movimento como deslocados internos ou refugiados nos países vizinhos.
A revelação foi feita esta terça-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, antes da conferência de doadores sobre o país agendada para Bruxelas a 17 de novembro. A República Centro-Africana precisa de US$ 3 mil milhões da comunidade internacional.
Fora da escola
A meta é aplicar o valor para apoiar a recuperação e financiar iniciativas no país onde mais de um terço das crianças não frequenta a escola, de acordo com o porta-voz do Unicef Christophe Boulierac.
Segundo o representante, pelo menos 41% dos menores de cinco anos sofrem de desnutrição crónica e entre 6 mil e 10 mil foram recrutadas por grupos armados desde 2013.
O Unicef defende que deve ser garantido que as crianças estejam em primeiro lugar no plano de recuperação, que deve dar primazia aos serviços sociais básicos como saúde e educação para os mais vulneráveis.
Violência
A agência destaca ainda que desigualdade económica teve um papel importante para o surgimento do primeiro surto de violência e para o conflito iniciado em 2102.
O Fundo sublinha que as tensões étnicas e disparidades de oportunidades entre populações urbanas e rurais “alimentaram um ressentimento que ainda perdura.”
“As questões da justiça, da proteção e do combate à corrupção são fundamentais para a construção de um país que proteja os seus cidadãos e reforce o Estado de direito”, destaca a nota.
Comunidades
Os Camarões acolhem cerca de metade dos 468 mil refugiados centro-africanos. A outra parte deles está dividida entre o Chade, a República Democrática do Congo e a República do Congo.
A diretora adjunta do Unicef para a África Ocidental e Central disse que quando as crianças retornarem às suas comunidades, depois das melhorias de segurança, deverão ter escolas e centros de saúde.
Para Christine Muhigana o acesso à saúde e à educação de qualidade é a pedra angular de qualquer recuperação e a base para um futuro pacífico.
A agência alerta que a violência e o deslocamento generalizado tornaram as crianças particularmente vulneráveis aos riscos para a saúde, à exploração e ao abuso.
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