Perspectiva Global Reportagens Humanas

Haiti: Unaids quer assegurar retomada de cuidados ao HIV após furacão BR

Vista aérea de região do Haiti afetada pela passagem do furacão Matthew. Foto: Minustah/Logan Abassi

Haiti: Unaids quer assegurar retomada de cuidados ao HIV após furacão

Segundo o Programa Conjunto da ONU para o HIV/Aids, sistema de saúde inteiro do Haiti foi atingido pelo furacão; medicamentos antirretrovirais foram perdidos.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

A ONU afirmou que o furacão Matthew foi o mais destrutivo em cinco décadas no Haiti e o pior desastre natural no país desde o arrasador terremoto de 2010.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assistência Humanitária, Ocha, o furacão matou 546 pessoas e deixou milhares desabrigados. Cerca de 141 mil desalojados vivem atualmente em abrigos temporários.

Comunidade

Segundo o Programa Conjunto da ONU para o HIV/Aids, Unaids, o sistema de saúde inteiro do Haiti foi atingido pela tempestade citando, inclusive, que foram perdidos medicamentos antirretrovirais.

Antes da passagem do furacão Matthew, havia quase 14 mil pessoas vivendo com HIV e 37 centros de tratamento para o vírus nas cinco províncias mais atingidas do país.

De acordo com o Unaids no Haiti, a tempestade já afetou os trabalhos de prevenção e de apoio a serviços de cuidados para a doença. Programas urgentes são necessários para garantir que o atual índice de retenção de pessoas em tratamento, entre 60% e 80%, não caia.

Para o diretor do Unaids no país, Yafflo Ouattara, uma solução poderia ser um sistema de “distribuição comunitária”. Segundo ele, em curto prazo, esta pode ser a “melhor opção para chegar a pessoas com HIV que não tenham acesso a seus serviços usuais”.

Informação

O Unaids no Haiti está apoiando o programa nacional sobre Aids para reunir informações sobre as províncias mais afetadas e avaliar alternativas para tratamento e cuidados para a doença.

As prioridades incluem mapear centros de tratamento e revisar as cadeias de abastecimento de medicamentos antirretrovirais e outros suprimentos.

Líderes comunitários afirmam que grupos marginalizados, incluindo gays e outros homens que fazem sexo com homens, transgêneros e trabalhadores sexuais são ainda mais vulneráveis nestas circunstâncias.

Discriminação

Com base em avaliações preliminares conduzidas por ONGs nas áreas mais atingidas pelo furacão, estigma e discriminação se tornaram uma barreira para algumas pessoas que precisam de assistência.

O diretor da equipe regional de apoio do Unaids para América Latina e Caribe, César Núñez, afirmou que parceiros estão trabalhando para garantir que as conquistas feitas até o momento na resposta ao HIV não sejam perdidas.

Ele quer garantir que o “excelente progresso feito pelo Haiti em relação à prevenção e ao tratamento não seja revertido”.

Leia e Ouça:

Cerca de 800 mil haitianos sob ameaça de segurança alimentar após furacão

Militar brasileiro que morreu no Haiti receberá medalha de paz da ONU

ONU encerra campanha para combater discriminação a quem vive com HIV