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Zona de livre comércio em África pode ser oportunidade para países da Cplp

Carlos Lopes. Foto: ECA

Zona de livre comércio em África pode ser oportunidade para países da Cplp

Avaliação é de Carlos Lopes que falou à Rádio ONU antes de deixar o posto de chefe da Comissão Económica da ONU para África, ECA; para ele, é “difícil que a Cplp se transforme num bloco económico enquanto tal”.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Começa nesta segunda-feira, em Brasília, a 11ª Conferência de Chefes de Estado e Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, Cplp. A Cimeira decorre até 1º de novembro.

Na semana passada, a Rádio ONU conversou com o chefe da Comissão Económica para África, ECA, antes dele deixar o posto no fim deste mês outubro. Na entrevista, Carlos Lopes comentou relatos da proposta da Cplp de tornar-se um bloco cada vez mais económico e que vantagens isto traria a países lusófonos africanos.

Negociações complexas

“Eu acho difícil que a Cplp se transforme num bloco económico enquanto tal. As negociações em nível de criação de zonas de livre comércio são extremamente complexas e os países estão inseridos em áreas geográficas com descontinuidade territorial, o que significa que é muito difícil criarem um bloco só pela vontade política. Isso traria certamente vantagens, como qualquer bloco traz, mas neste caso, acho extremamente difícil que as negociações se posicionem nesta direção.”

Lopes mencionou, no entanto, as negociações para a criação de uma grande zona africana de livre comércio.

Livre comércio continental

“Há seis países africanos membros da Cplp, eles estão todos a participar da criação da grande zona de livre comércio continental e se essa zona de livre comércio continental vier a dar resultado, o que eu espero que sim, trabalhei muito para que isso acontecesse e vou continuar a trabalhar intelectualmente para que isso aconteça, então sim, esses países vão ter uma grande oportunidade e dentro do bloco da Cplp seria bom que países como Brasil, como Portugal e outros que estão fora da África que aproveitassem esse ponto de entrada.”

Na entrevista, Lopes falou à Rádio ONU sobre a perspectiva para a criação da zona de livre comércio em África.

“As negociações foram lançadas em julho do ano passado. Se nós tomarmos em conta aquilo que foram as negociações para a criação de zonas de livre comércio em outras regiões do mundo e até em África, a nível mais restrito, essas coisas demoram tempo. Eu não tenho, digamos, ilusão de que isso vai demorar alguns anos até que se chegue, digamos, ao patamar principal de integração que é, digamos, da harmonização dos sistemas aduaneiros e de regras de origem.”

Para Carlos Lopes, portanto, há ainda “algum caminho pela frente”. No entanto, segundo ele, se houver vontade e determinação política, “isto pode ser o grande pontapé para o crescimento mais sustentável do continente”.

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