Moçambique quer retoma de programa com FMI “o mais rápido possível”
Autoridades de Maputo elaboram termos de auditoria internacional e independente a três empresas locais; equipa de técnicos pede maios rigor nas políticas para defender estabilidade macroeconómica.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Fundo Monetário Internacional, FMI, confirmou um pedido das autoridades de Moçambique para que a retoma das discussões sobre o apoio financeiro seja feita “o mais rápido possível.”
Para o órgão, um “historial forte de execução de políticas macroeconómicas sólidas e um início eficaz do processo de auditoria a curto prazo” ajudariam a criar as condições para o retorno das discussões do programa com o FMI.
Ambiente Económico
Na quarta-feira, um grupo de técnicos do órgão encerrou uma missão ao país tendo revelado que Moçambique enfrenta “um ambiente económico desafiador.”
Em abril, o FMI cancelou a cooperação com o país após a descoberta de uma dívida não revelada de US$ 1,4 mil milhão, equivalente a 10,7% do Produto Interno Bruto, PIB.
O grupo de técnicos revelou que esse fator é combinado com “o impacto da desvalorização da taxa de câmbio e levou a um aumento substancial do endividamento.”
Auditoria
A missão de especialistas termina duas semanas depois do encontro entre o presidente Filipe Nyusi e a diretora geral do FMI, Christine Lagarde, em Washington.
O grupo cita avanços consideráveis alcançados com o Gabinete da Procuradora Geral sobre os termos de uma auditoria internacional e independente de empresas “Ematum, Proindicus e MAM”. A análise “está em curso e prevê-se que seja concluída em breve.”
O crescimento económico de Moçambique tende a decrescer e espera-se que chegue a 3,7% este ano, ao contrário dos 6,6% de 2015. A inflação aumentou de forma acentuada atingindo 21% anual em agosto. O problema foi acompanhado pela depreciação de cerca de 40% desde o início do ano.
Investimento
A economia moçambicana é marcada por um declínio significativo das importações após baixarem as exportações. O fraco investimento estrangeiro direto e financiamento de doadores mantiveram a pressão sobre as reservas internacionais que continuam em baixa.
O FMI defende que a contínua subida da inflação e desvalorização do metical requerem um maior rigor nas políticas para salvaguardar a estabilidade macroeconómica.
A missão declarou ainda que de uma “forma notável, a proposta de orçamento para 2017 deverá consolidar ainda mais a situação das finanças públicas preservando programas sociais essenciais.”
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