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ONU não consegue entregar ajuda em áreas sitiadas na Síria BR

Representantes do Unicef conversam com mães e crianças deslocadas no bairro de Majabel, em Alepo, na Síria. Foto: Unicef/Ourfali

ONU não consegue entregar ajuda em áreas sitiadas na Síria

Apesar do acordo de cessar-fogo fechado entre Estados Unidos e Rússia, agências humanitárias das Nações Unidas e parceiros ainda não receberam autorização para entrar na região.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Os comboios de ajuda humanitária da ONU ainda não conseguiram entrar nas áreas sitiadas na Síria, apesar do acordo de cessar-fogo fechado entre os Estados Unidos e a Rússia.

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, afirmou que o acordo está sendo respeitado de uma forma geral. Mas, segundo ele, o governo sírio ainda não autorizou a entrada dos comboios nessas regiões.

“Perdendo Tempo”

Em Genebra, de Mistura disse que “a situação é lamentável e que todos estão perdendo tempo”.

O escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, afirmou que, desde 2011, mais de 250 mil pessoas morreram na Síria e mais de 1 milhão ficaram feridas.

Além disso, 4,8 milhões foram forçados a fugir do país e 6,5 milhões estão deslocados internamente.

Crise global

Segundo o Ocha, a Síria representa uma das crises mais complexas e dinâmicas da atualidade no mundo e o país é o foco da maior crise global de deslocamentos.

A ONU calcula que neste ano, 13,5 milhões de sírios, incluindo seis milhões de crianças, necessitem de ajuda humanitária. Quase metade desse total está em áreas cercadas ou sitiadas por forças do governo, da oposição ou de grupos terroristas.

De Mistura afirmou que o acordo de cessar-fogo, alcançado há uma semana, “mudou a situação porque a violência diminuiu de forma significativa”.

Também em Genebra, o conselheiro da ONU Jan Egeland afirmou que “a boa notícia é a confirmação de que a suspensão das hostilidades está vigorando em boa parte”.

Ataques

Segundo Egeland, não foi registrada nenhuma morte de civis nas últimas 24 horas. Os ataques a escolas e hospitais também pararam.

A má notícia, para o conselheiro, é que essa oportunidade não está sendo usada para levar assistência humanitária a todas as regiões do país.

Jan Egeland declarou que os comboios de ajuda da ONU estão prontos para entrar em Alepo e em outras áreas cercadas ou de difícil acesso. Os caminhões estão há 48 horas parados na região esperando autorização para levar água, comida e remédios para as pessoas mais necessitadas.