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Contentores espalham pragas e são considerados ameaça fluvial pela FAO

Foto: FAO/Mirko Montuori

Contentores espalham pragas e são considerados ameaça fluvial pela FAO

Agência da ONU para Agricultura e Alimentação preocupada com vazamentos “biológicos”, como fungos e sapos que estão em navios e que encontram novos habitats; 527 milhões de viagems de navios com contentores são feitas por ano.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, está a chamar a atenção para ameaças biológicas que estão escondidas em navios.

Segundo a agência, são realizadas por ano 527 milhões de viagens de navios com contentores, que podem muitas vezes levar pragas e doenças indesejadas.

Fome

Num dos casos mais conhecidos do século 20, um fungo “viajou”  das Américas até a Bélgica. Em poucos meses, a praga alcançou a Irlanda e destruiu imensas plantações de batatas, causando fome e migração em massa.

A FAO destaca que a lista de casos similares é enorme. Recentemente, desembarcaram na Austrália vários sapos que estavam num contentor de mercadorias vindos do Madagáscar.

As fêmeas da espécie podem produzir 40 mil ovos por ano, e por isso a agência considera o fato uma ameaça “catastrófica” para as populações de lêmures, de pássaros e para o habitat natural de plantas.

Acordos

Há 60 anos, os países estabeleceram uma convenção internacional para evitar que pestes e doenças se espalhassem para outros países por meio do comércio internacional. Mas a FAO considera que os riscos ainda existem.

Numa análise de mais de 116 mil contentores que chegaram na Nova Zelândia nos últimos cinco anos, um entre 10 estava contaminado por traças, caramujos, formigas e percevejos, todos em quantidade suficiente para estragar plantações, florestas e o ambiente urbano.

Higiene

Um estudo citado pela FAO indica que invasões biológicas deste tipo causam danos a 5% das atividades econômicas globais. 90% do comércio mundial circula pelos mares e por isso é preciso garantir a higiene dos contentores.

A agência apresenta como exemplo a Nova Zelândia, que reforçou leis neste sentido para manter longe do país as espécies de invasores. Com mais inspeções, a contaminação dos contentores caiu quase 90% em uma década.

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