A pesquisa avaliou condições de saneamento em 600 centros de ensino primário em seis províncias; 45% dos alunos são obrigados a defecar ao ar livre e apenas 35% das escolas têm água disponível para beber.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância em Angola, Unicef, divulgou os resultados de uma pesquisa realizada em 600 escolas primárias do país. Os estabelecimentos ficam nas províncias de Luanda, Cunene, Bié, Huíla, Namibe e Huambo.
De acordo com os dados, somente 58% das escolas primárias têm casas de banho e em 29%, os alunos usam latrinas.
Ao Ar Livre
De Luanda, o oficial de Água e Saneamento do Unicef Angola, Edson Monteiro, destacou que a média nacional é de 310 alunos por casa de banho.
“Muito acima da média de 50 alunos por cubículo. Nota-se igualmente que 45% dos alunos nas escolas primárias em Angola defeca ao ar livre. Isso significa que a situação de precariedade nas escolas ainda é muito grande em Angola.”
Financiamento
Edson Monteiro revelou também que somente 35% dos centros de ensino têm água disponível para beber, mas 76% não chegam a tratar a água, o que pode criar problemas de saúde como diarreia.
O especialista do Unicef em Angola explica como os investimentos públicos poderiam mudar a situação.
“[Os centros de ensino] não tem fundos quaisquer para operação e manutenção das escolas. Dos poucos fundos que eles arrecadam, eles tem que dividir entre comprar água em camiões cisternas, que custam quase US$ 100 por mil metros cúbicos de águas. Eles não têm fundos porquê não são unidades orçamentadas e automaticamente não têm capacidade nem de manter a própria escola com coisas simples, como papel higiénico, desentupir uma fossa, etc.”
O Unicef Angola lembra que complicações causadas pela diarreia, muitas vezes por causa da falta de saneamento e de acesso à água potável, são responsáveis por 18% das mortes de menores de cinco anos de idade.