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OMS alerta para um dos “seres” mais mortais do mundo BR

. Foto: Aiea/Dean Calma

OMS alerta para um dos “seres” mais mortais do mundo

Organização Mundial da Saúde chama a atenção para algumas das doenças transmitidas pelos mosquitos; somente em 2015, a malária causou a morte de 438 mil pessoas em todo o mundo.

Michelle Alves de Lima, da Rádio ONU em Nova York.

Ele pode parecer frágil e inofensivo mas, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, o mosquito é considerado um dos “seres” mais mortais do mundo.

Com a habilidade de carregar e espalhar doenças entre humanos, os mosquitos causam milhões de mortes todos os anos. De acordo com dados da agência da ONU, somente em 2015, a malária foi responsável por 438 mil óbitos em todo o mundo.

Dengue

A incidência mundial de dengue subiu 30 vezes nos últimos 30 anos, e mais países estão reportando seus primeiros surtos. O Aedes aegypti, mosquito vetor da dengue, também pode transmitir zika, chikungunya e febre amarela.

Mais da metade da população mundial vive em áreas onde essa espécie de mosquito está presente. Esforços para controlar a população desse inseto são importantes para prevenir surtos dessas doenças.

Mas há outros tipos de mosquitos perigosos e alguns deles têm a habilidade de carregar diversos tipos de doenças. Além do Aedes estão o Culex e o Anopheles.

Aedes aegypti e Aedes albopictus

As fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus podem transmitir chikungunya, zika, dengue e febre amarela. Elas são encontradas em mais de 130 países na África, nas Américas, na Europa e na região da Ásia e Pacífico.

Os sintomas da chikungunya podem aparecer entre dois e 12 dias, muitas vezes são leves e acabam sendo incorretamente diagnosticados, principalmente em áreas onde a dengue também ocorre.

Quanto ao vírus da zika, além dos sintomas mais comuns como febre, erupções cutâneas e inflamação dos olhos, há também o risco, para as gestantes, de o bebê nascer com microcefalia e outras malformações fetais. O Zika também pode causar a síndrome de Guillain-Barré, condição neurológica que pode levar à paralisia e até à morte.

Relações Sexuais

Após serem contaminados pelos mosquitos, os humanos podem infectar uns aos outros através de relações sexuais. O zika já foi encontrado em amostras de sangue, saliva, sêmen, entre outros fluídos corporais. A transmissão de mãe para filho em momentos iniciais de gravidez também foi detectada.

Já os sinais da dengue incluem aqueles parecidos com o da gripe, e eles ocorrem de quatro a 10 dias após a picada por um mosquito infectado. A dengue pode evoluir e se transformar em uma dengue severa, também conhecida por dengue hemorrágica, uma das principais causas de doenças mais sérias e mortes entre crianças em países da Ásia e da América do Sul.

Segundo a OMS, a dengue é endêmica em mais de 128 países, e coloca 3,9 bilhões de pessoas em risco.

A febre amarela é principalmente transmitida através da picada de um mosquito fêmea da espécie Aedes aegypti, mas existe também o gênero Haemagogus, encontrado em países das Américas Central e do Sul, responsável pela febre amarela silvestre. Esse tipo de febre amarela ocorre em macacos e é passada aos seres humanos pelos mosquitos.

Ainda não existe tratamento antiviral ou vacina comercial para a chikungunya ou para o zika. A OMS informa que em alguns países, entre eles o México, uma vacina foi licenciada contra a dengue para pessoas entre 9 e 45 anos de idade. A vacina contra a febre amarela já está disponível, e uma dose única pode proporcionar imunidade e proteção contra a doença para a vida toda.

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. Fotos: CDC/James Gathany e CDC; Ilustração: CDC
Culex

A fêmea Culex é um dos três mosquitos mais comumente encontrados no mundo. Esse inseto se alimenta de pássaros infectados com o vírus do Nilo Ocidental e transmite a doença a cavalos e a seres humanos.

O vírus é encontrado na África, na Europa, no Oriente Médio, na América do Norte e no Oeste da Ásia. O Culex também é responsável pela transmissão da encefalite japonesa.

O vírus do Nilo Ocidental pode causar uma doença neurológica fatal, e não há vacina contra a doença. As recomendações para não contrair o vírus são as mesmas para todos os tipos de mosquito: uso de repelentes e roupas que cobrem a pele exposta, uso de redes e telas, além da destruição de áreas favoráveis para a reprodução de mosquitos.

Anopheles

Em 2015, mais de 3,2 bilhões de pessoas estavam em risco de contrair malária. Atualmente, a transmissão da doença acontece em 95 países e territórios. Na África Subsaariana encontra-se uma parcela desproporcionalmente alta dos casos da doença, com 88% das ocorrências e 90% das mortes por malária no mundo.

O mosquito fêmea Anopheles é responsável pela transmissão dos parasitas da malária, entre eles o P. falciparum, responsável pela maior parte das mortes pela doença no mundo, e o P. vivax. O Anopheles é um vetor eficiente que gosta de condições tropicais, rurais e urbanas.

Medicamentos antimalária podem ser usados para prevenir a doença. Pessoas que vivem em áreas endêmicas de malária desenvolvem imunidade parcial, reduzindo assim o risco de formas mais graves da doença.

Crianças com menos de cinco anos, gestantes e pessoas vivendo com HIV/Aids, além de migrantes não imunizados e viajantes, são as que correm mais riscos da doença nos países com altas taxas de transmissão da malária.

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