Uganda: em três semanas número de sul-sudaneses bate últimos 6 meses

Acnur fala de uma média de 4 mil novas entradas ao país vizinho devido a combates; 90% são mulheres e crianças; grupos armados na fronteira recrutam homens para as suas fileiras.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Uganda recebeu mais refugiados do Sudão do Sul em cerca de três semanas que nos primeiros seis meses do ano, revelou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur.

Na segunda-feira, mais de 2,4 mil refugiados entraram em território ugandês e fizeram subir para mais de 37,8 mil o número de sul-sudaneses no país desde 8 de julho, quando começaram os combates entre fações leais ao presidente Salva Kiir e ao vice-presidente Riek Machar.

Conselho de Segurança

No último semestre, o total de pessoas que deixaram o Sudão do Sul para o Uganda foi de 33.838.

O Acnur destaca que cerca de 90% dos refugiados são mulheres e crianças que provêem de regiões do país como o estado de Equatória Oriental e da capital Juba.

A situação de segurança continua volátil, apesar da redução da violência desde o início de julho. Os recém-chegados relatam que testemunharam combates, saques, milícias armadas, incêndio de casas e o assassinato de civis.

Recrutamento

Várias mulheres e crianças disseram ter sido separadas dos seus maridos ou pais por grupos armados que alegadamente recrutam homens para as suas fileiras impedindo-os de cruzar a fronteira. A situação é considerada extremamente preocupante.

Há 10 dias, as chegadas diárias subiram de uma média de 1,5 mil para 4 mil na semana passada. Espera-se que o número possa subir nos próximos dias.

Falta de Financiamento

A resposta humanitária ao fluxo de refugiados sul-sudaneses é considerada muita fraca devido à grave falta de financiamento.

O Sudão do Sul tem cerca de 1,69 milhões deslocados internos como consequência do conflito iniciado em dezembro de 2013. Os países vizinhos acolhem 831,5 mil sul-sudaneses principalmente a Etiópia, o Sudão e o Uganda.