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Sudão do Sul preocupa conselheiro da ONU para prevenção ao genocídio BR

Adama Dieng. Foto: ONU/Manuel Elias

Sudão do Sul preocupa conselheiro da ONU para prevenção ao genocídio

Adama Dieng destacou “necessidade urgente” de acabar com impunidade no país e declarou que “anistia não é opção”; pelo menos 272 pessoas foram mortas nos confrontos dos últimos cinco dias; vítimas incluem 33 civis e dois soldados de paz da ONU.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

O conselheiro especial das Nações Unidas para a Prevenção ao Genocídio, Adama Dieng, expressou sua “profunda preocupação” com a ameaça à população do Sudão do Sul colocada pelos novos combates dos últimos dias.

Os confrontos são entre forças leais ao presidente Salva Kiir e àquelas leais ao primeiro vice-presidente, Riek Machar.

Refúgio

Dieng afirmou que “centenas de pessoas foram mortas, incluindo civis buscando refúgio”. Segundo o conselheiro especial, “alguns civis teriam sido alvo por conta de sua etnia”.

As Nações Unidas anunciaram que pelo menos 272 pessoas foram mortas nos confrontos dos últimos cinco dias no Sudão do Sul. As vítimas incluem 33 civis e dois soldados de paz da ONU.

Adama Dieng lembrou ao Governo Transitório de Unidade Nacional de sua responsabilidade de proteger suas populações, independente de sua etnia ou afiliação política.

Impunidade

Ele também destacou a “necessidade urgente” de acabar com a impunidade no Sudão do Sul e levar justiça a todos os responsáveis por violações das leis internacionais de direitos humanos e humanitária.

O conselheiro especial pediu ao governo transitório que implemente o Capítulo V do Acordo de Paz de 2015. Pelo documento, os signatários concordaram em criar um “tribunal híbrido” para processar casos de genocídio, crimes contra a humanidade e de guerra, assim como outros considerados graves pela lei internacional.

Também foi acordada a criação de uma comissão para verdade, cura e reconciliação.

Para Adama Dieng, seria “um erro” pensar que paz e reconciliação podem ser atingidas no Sudão do Sul sem nenhuma prestação de contas para os crimes cometidos e declarou: “anistia não é uma opção”.

Proteção

Estimativas preliminares do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, indicam que pelo menos 36 mil pessoas foram deslocadas pelos combates e procuram refúgio em instalações da ONU e em vários outros locais da capital, Juba.

A Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, continua a proteger milhares de civis deslocados nos locais de proteção da operação. A Missão está trabalhando para mobilizar parceiros regionais e internacionais para apoiar a resolução deste conflito e para que os envolvidos se comprometam de novo à plena implementação do acordo de paz.

Movimento

Nesta terça-feira, a Unmiss saudou o acordo de cessar-fogo anunciado pelo presidente Salva Kiir e endossado pelo primeiro vice-presidente Riek Machar na segunda-feira e fez um apelo pela adesão de todas as partes.

A representante especial do secretário-geral da ONU no Sudão do Sul, Ellen Margrethe Loj, pediu ainda aos envolvidos que permitam que os civis se movimentem livremente para locais de refúgio.

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