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“Comércio contribuiu diretamente para baixar a pobreza pela metade” BR

Foto: Banco Mundial/Curt Carnemark

“Comércio contribuiu diretamente para baixar a pobreza pela metade”

Afirmação foi feita pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio em entrevista à Rádio ONU; Roberto Azevêdo disse que o comércio internacional é ingrediente indispensável em qualquer plano de crescimento econômico.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, OMC, Roberto Azevêdo, afirmou que “o comércio internacional é sempre um ingrediente indispensável em qualquer planejamento de crescimento econômico, principalmente nos países em desenvolvimento”.

Em entrevista exclusiva à Rádio ONU, de Genebra, Azevêdo disse que o comércio contribuiu diretamente para alcançar a meta de baixar a pobreza pela metade no mundo.

Subsídios

“E outras coisas que nós vamos conseguindo. Por exemplo, eliminação dos subsídios às exportações agrícolas, que era uma das metas para cumprir o objetivo 2 da Agenda 2030, que é erradicar a fome. Nós conseguimos cumprir esse objetivo, de eliminar esses subsídios, dois meses ou três meses depois que as metas foram acordadas em Nova York. Nós temos o comércio quase que presente em vários dos objetivos que foram acordados em Nova York, só que não de uma maneira independente. Ele está presente em vários daqueles objetivos.”

Roberto Azevêdo afirmou que todos os membros da OMC querem que a organização siga com um papel central na governança do comércio internacional.

Novos acordos

“A agenda também está se abrindo, tem muita coisa nova, como por exemplo comércio eletrônico, facilitação de investimentos e pequenas e médias empresas. Nós vamos ter em 2017 uma nova reunião ministerial, também poderá ser um momento de conseguir e de entregar novos acordos. O que é mais importante é ter flexibilidade.”

Para o chefe da OMC, é importante também reconhecer que são 162 países-membros na organização, “cada um vive suas circunstâncias e seu momento político e econômico”.

Mudança Climática

Roberto Azevêdo deixou claro que o “que for feito deve ser compatível com a necessidade de cada um deles”.

Ele falou ainda sobre o que a organização pode fazer para ajudar a combater a mudança climática.

“A primeira coisa a deixar claro é que as regras da OMC permitem que os países adotem políticas para proteger o meio ambiente e combater o aquecimento global. Não tem nada nas regras da OMC que coloque o comércio à frente desse objetivo, por exemplo. Mas além de permitir, o que nós gostaríamos é que as regras da OMC também ajudassem a estimular políticas e medidas para combater o aquecimento global. Tem agora, por exemplo, uma iniciativa que está sendo conduzida por um grupo de membros, que é a negociação de um acordo sobre bens ambientais.”

Segundo Azevêdo, esse acordo vai eliminar tarifas sobre produtos como turbinas eólicas, paineis solares, filtros de água, entre outros. Isso tudo reduziria os custos e ajudaria a disseminar tecnologia para a produção de energia mais limpa.

Reino Unido

Sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chefe da OMC afirmou que “é imprevisível prever o impacto porque é a primeira vez que temos um membro da OMC que não terá, claramente, as suas obrigações com os demais membros do grupo”.

Ele explicou, por exemplo, que se o Reino Unido quiser manter o acesso às preferências comerciais que têm com 58 países num processo negociado pela UE, a nação terá de renegociar com esses países sobre essas questões.

Azevêdo declarou que esses acordos, que incluem o não pagamento de tarifas aduaneiras, cobrem 60% do comércio do Reino Unido.