Perspectiva Global Reportagens Humanas

Febre amarela: doses menores de vacina podem ser usadas em emergências

Vacina contra a febre amarela. Foto: OMS

Febre amarela: doses menores de vacina podem ser usadas em emergências

Produto poderia ser administrado com apenas 20 por cento da dose regular como medida de curto prazo em emergências ou escassez de vacina; especialistas concordaram com proposta em reunião convocada pela OMS; até 10 de junho, Angola notificou 847 casos confirmados e 108 mortes.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A vacina de febre amarela administrada com um quinto da dose regular pode ser usada para controlar um surto caso haja escassez do produto.

Especialistas concordaram com esta proposta numa reunião convocada pela Organização Mundial da Saúde, OMS. O objetivo era considerar possíveis faltas de vacina para febre amarela devido ao surto em Angola e na República Democrática do Congo.

Uso Emergencial

O grupo consultivo de especialistas sobre imunização da OMS, conhecido como Sage, em sua sigla em inglês, revisou provas de que um quinto da dose padrão da vacina ainda forneceria proteção contra a doença por pelo menos um ano ou mais.

Esta abordagem, conhecida como uso fracionado, está sendo considerada como medida de curto prazo no contexto de possível escassez de vacina para uso em emergência.

A agência afirma que esta não é proposta para imunização de rotina. Ainda não há dados suficientes que mostrem que doses mais baixas confeririam proteção para toda a vida, como é o caso da dose completa.

Angola

Um surto da doença foi detetado em Luanda, capital angolana, em dezembro de 2015. A agência da ONU informou que até o dia 10 de junho deste ano, o país teve 847 casos confirmados, com 108 mortes.

Segundo o chefe do grupo da OMS, Jon Abramson, surtos de febre amarela em “Angola, República Democrática do Congo e Uganda estão colocando pressão no suprimento de vacinas para campanhas de emergência”.

Ele afirmou que no momento há vacinas suficientes no estoque global para lidar com os surtos atuais, se não houver mais alargamentos.

No entanto, Abramson declarou que devido à ampla propagação da doença em Angola e o potencial para que saia do controle em Kinshasa, na República Democrática do Congo, a OMS e parceiros estão “seriamente considerando o uso desta estratégia para prevenir a transmissão através de campanhas de vacinação em larga escala”.

Comité de Emergência

A pedido do Comité de Emergência em relação à febre amarela convocado pela chefe da OMS, Margaret Chan, em 19 de maio, a agência tem explorado opções, com base nas provas existentes, para aumentar o suprimentos de vacinas no caso de necessidade emergencial.

Segundo a OMS, mais pesquisas são necessárias para determinar se doses fracionadas seriam eficazes para crianças pequenas, que podem ter uma resposta imunológica mais fraca à vacina de febre amarela.

Viagens

A OMS afirmou que a febre amarela é a uma doença especificada no Regulamento Sanitário Internacional para qual os países podem exigir prova de vacinação de viajantes como condição de entrada.

O Regulamento foi alterado em 2014 para indicar que uma dose única da vacina é suficiente para imunização para toda a vida e, assim, estende a validade dos certificados de vacinação.

Esta alteração entra em vigor em 11 de julho deste ano. Para serem elegíveis ao certificado, viajantes devem receber a dose completa da vacina.

Leia e Oiça:

Luanda e Huambo são províncias mais afetadas por febre amarela em Angola

Cruz Vermelha pede aumento imediato no combate à febre amarela em Angola

Com 2,5 mil suspeitas de febre-amarela, OMS segue apreensiva com Angola