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Ban: “Estamos criando novos meios de ajudar pessoas em crises” BR

"A Conferência Humanitária Mundial não foi o fim, mas foi um momento de virada". Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU.

Ban: “Estamos criando novos meios de ajudar pessoas em crises”

Editorial do secretário-geral da ONU foi publicado no jornal britânico The Guardian; Ban Ki-moon faz balanço da Conferência Humanitária Mundial, da qual participaram líderes de governos, ONGs, sociedade civil e setor privado.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

O jornal britânico The Guardian publicou esta terça-feira um artigo de opinião do secretário-geral da ONU sobre a Conferência Humanitária Mundial. O encontro ocorreu no mês passado em Istambul, na Turquia, reunindo mais de 9 mil participantes.

No texto, Ban descreve que foi alcançado um “compromisso triplo” no encontro, com a meta de ajudar todas as pessoas em crise no mundo. Segundo o chefe da ONU, pela primeira vez, civis que precisam de ajuda humanitária trabalharam ao lado de líderes mundiais e de representantes de ONGs, sociedade civil e setor privado, na busca por soluções.

Financiamento

Na Conferência, foi firmado o compromisso de ajudar vítimas de desastres naturais e de conflitos e de transformá-las em “agentes de sua própria recuperação”. No artigo, Ban Ki-moon menciona a vontade política de prevenir e acabar com guerras.

Ele lembra que o desafio atual não tem precedentes: no mundo, 130 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária. Mais de 60 milhões de civis se viram obrigados a abandonar suas casas. É o maior número desde a Segunda Guerra Mundial. E falta dinheiro para ajudá-los, o que para o secretário-geral, levanta dúvidas sobre a solidariedade num mundo onde há muita riqueza.

Cinco Pontos

Apesar das dificuldades, Ban elogia a coragem dos trabalhadores humanitários, que ajudam os mais pobres do mundo, mostrando compromisso com famílias em crise.

O secretário-geral explica um pouco de sua “Agenda para a Humanidade”, com cinco áreas para ação coletiva: prevenção e fim de conflitos; respeito pelas leis de guerra; garantir que ninguém seja esquecido; trabalhar de forma diferente para acabar com necessidades humanitárias e investir na humanidade.

Na Conferência, foram firmados quase 3 mil compromissos em apoio aos cinco pontos. Outro destaque do encontro foi a iniciativa “Grande Barganha” entre 30 doadores e agências humanitárias, prevendo redução de custos, mais flexibilidade de financiamento e garantia de que as pessoas tenham mais voz nas decisões que irão afetar suas vidas.

Prevenção

Ban Ki-moon também menciona o compromisso de doadores com mais financiamento para proteger mulheres e meninas da violência de gênero e garantir que milhões de crianças em países em crise possam continuar estudando.

O secretário-geral destaca que 80% do financiamento humanitário vai para conflitos causados pelo próprio ser humano. Por isso, ele considera significativo que 173 governos presentes no encontro tenham se comprometido em investir mais na prevenção de conflitos e na consolidação da paz, além de buscarem melhores soluções para refugiados e deslocados internos.

Futuro

Ban avalia que agora é hora de transformar esses compromissos em ação. No segundo semestre, o chefe da ONU vai propor à Assembleia Geral maneiras de alcançar este objetivo. Em 19 de setembro, um encontro de alto nível sobre refugiados e migrantes será a oportunidade para consolidar as conquistas de Istanbul.

Ban Ki-moon termina o artigo afirmando que a Conferência Humanitária Mundial foi um momento de virada. Segundo ele, as Nações Unidas estão comprometidas em trabalhar com os líderes mundiais em prol das pessoas mais vulneráveis do mundo.

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