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Unaids Brasil apresenta maneiras de engajar jovens no combate ao HIV BR

Equipe Unaids Brasil e TV Globo em debate na sede da ONU. Foto: Unaids Brasil

Unaids Brasil apresenta maneiras de engajar jovens no combate ao HIV

Agência debate na ONU impactos de mostrar na novela Malhação, da TV Globo, um casal sorodiferente; roteirista explica como a iniciativa ajudou a quebrar o estigma e educar adolescentes sobre prevenção e fim do preconceito.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

O Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids no Brasil, Unaids, apresentou esta quinta-feira, nas Nações Unidas, novas maneiras de engajar os jovens no combate ao HIV.

O foco do debate foi o sucesso da série “Eu Só Quero Amar”, uma parceria do Unaids Brasil e da TV Globo. A trama, apresentada no canal online Gshow, traz a história de um casal sorodiferente: Henrique, que tem HIV, e a namorada Camila, que não tem o vírus.

Preconceito

Primeiro, os personagens foram criados para a novela Malhação, para abordar o tema da Aids. A parceria da Globo com o Unaids Brasil resultou na produção de uma série de cinco capítulos para a internet, focando na história do casal.

Co-autor de “Eu Só Quero Amar”, Gabriel Estrela participou do debate em Nova York. Em entrevista à Rádio ONU, ele comemorou a diminuição do preconceito do público, algo que segundo ele, aconteceu aos poucos.

“A gente teve no começo uma polêmica muito grande com a Malhação, na primeira vez que eles abordaram o tema. E foi muito legal ver essa resposta negativa aos poucos se transformando em algo muito positivo, até a gente chegar na série Eu Só Quero Amar, em que as respostas foram 100% positivas. O pessoal ficou muito encantado, porque não é só uma história sobre HIV, não é só uma história sobre juventude, é uma história de amor, é fofinho, a gente torce pelo casal.”

Audiência

Segundo Gabriel Estrela, falar sobre HIV e Aids com adolescentes, mostrando na TV um casal sorodiferente que se relaciona de forma afetiva foi algo “inédito”.

A diretora de Responsabilidade Social da TV Globo, destacou que a websérie foi a terceira mais vista no site Gshow, com 800 mil pessoas que acompanharam, além do público de 20 milhões de pessoas que assistem Malhação.

Emoção

Beatriz Azeredo explica que contar uma história de amor, que causa empatia nas pessoas, é uma maneira fácil de acabar com o estigma sobre a Aids.

“A Globo faz o que ela sabe fazer, que é comunicação em larga escala. E Unaids traz toda a experiência, conhecimento técnico e principalmente formas de lidar com esse tema tão complexo com a juventude. Quando você coloca esse tema por dentro de uma trama que está emocionando as pessoas, a discussão do preconceito ganha uma outra dimensão. De repente entra um tema tão difícil, tão complexo, por dentro da emoção. Fica tudo mais suave, mais fácil de mudar pessoas, mudar cabeças, mudar a cultura.”

A discussão não fica apenas na TV: os jovens acabam comentando a série e eventualmente, HIV/Aids, também nas redes sociais, como Facebook e Twitter.

Tratamento

Diego Callisto é conselheiro para jovens do Departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde. Com 27 anos, ele descobriu ter HIV há quase uma década.

Durante o debate na ONU, Callisto explicou como aborda o assunto com os adolescentes brasileiros.

“Eu consigo transmitir uma mensagem para eles por viver com HIV, seja em relação ao tratamento, seja em relação a uma consulta médica, qualquer outra rotina nesse sentido relacionada à vivência com HIV. Hoje eu faço tratamento de comprimido único, mas quando comecei, eu tomava quatro comprimidos.”

O debate promovido pelo Unaids Brasil na ONU faz parte da Reunião de Alto Nível sobre o Fim da Aids, conferência de três dias que termina na sexta-feira.

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