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África tem mais pacientes em tratamento de HIV que novas infecções BR

Michel Sidibé em discurso na abertura da reunião de Alto Nível da Assembleia Geral sobre HIV/Aids. Foto: ONU/Rick Bajornas

África tem mais pacientes em tratamento de HIV que novas infecções

Informação é do Programa das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids; Assembleia Geral durante encontro de alto nível na Assembleia Geral; Ban Ki-moon afirmou que atualmente mais 17 milhões de pessoas recebem tratamento antirretroviral.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o mundo alcançou um enorme progresso no combate à Aids na abertura da reunião de Alto Nível da Assembleia Geral sobre HIV/Aids.

Segundo Ban, desde 2000, o número de pessoas que recebem o tratamento antirretroviral dobrou a cada três ou quatro anos. Ele disse que isso foi possível graças a medicamentos mais baratos, mais competição e novos financiamentos.

17 Milhões

Segundo o chefe da ONU, atualmente, mais de 17 milhões de pessoas estão sendo tratadas, milhões de vidas estão sendo salvas e bilhões de dólares economizados em gastos de saúde.

O chefe do Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids, Unaids, Michel Sidibé, que também participa do encontro afirmou que a África hoje tem menos novas infecções.

Sidibé disse que “pela primeira vez na história do HIV/Aids, a África atingiu um ponto importante: existem hoje mais pessoas em tratamento do que novas infecções”.

Apesar disso, o chefe do Unaids alertou que “a comunidade internacional deve prestar atenção nas regiões central e do oeste da África que estão sendo deixadas para trás”.

Propagação

O secretário-geral da ONU afirmou que o mundo conseguiu alcançar o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio 6 ao conter e começar a reverter a propagação do vírus que causa Aids.

O secretário-geral disse que as novas infecções de HIV caíram 35% desde 2000 e as mortes relacionadas à Aids registraram uma queda mais acentuada, de 43% desde 2003.

Ele afirmou que as infecções entre crianças sofreram uma redução de 56% nos últimos 15 anos, sendo que quatro países conseguiram eliminar completamente a chamada transmissão vertical, de mãe para filho: Cuba, Tailândia, Armênia e Belarus.

Ban espera que a comunidade internacional alcance, em breve, zero infecções entre crianças.

Oportunidade

O secretário-geral declarou que a luta contra a Aids está longe do fim. Segundo ele, nos próximos cinco anos há “uma janela de oportunidade” para mudar a trajetória da epidemia e pôr um fim à Aids”.

Ban alertou que, apesar dos avanços, se o mundo não agir há o perigo de a epidemia voltar em países de baixa e média rendas.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável representa o compromisso global para acabar com a epidemia em 15 anos. Uma ação imediata pode evitar o surgimento de 17,6 milhões de novas infecções e 11 milhões de mortes prematuras entre 2016 e 2030.

O chefe da ONU pediu ajuda da comunidade internacional para garantir os fundos de US$ 26 bilhões para cobrir as operações de combate ao HIV/Aids.

Mandela

O presidente da Assembleia Geral, Mogens Lykketoft, afirmou que o ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, descreveu o HIV/Aids como o maior perigo que ele enfrentou, pior do que a guerra”.

Lykketoft disse que “é difícil acreditar e aceitar que 34 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à Aids e 40 milhões de crianças ficaram órfãs”.

Aproximadamente 6 mil novas infecções de HIV ocorrem diariamente e 36,9 milhões de pessoas vivem com o vírus.

O presidente da Assembleia Geral declarou que “hoje é o momento em que a comunidade internacional sinaliza intenção de acelerar os esforços e ações pelos próximos cinco anos para acabar com a Aids até 2030”.

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