Em Angola, Pnuma chama a atenção para sindicatos de crimes ambientais

Chefe da agência pede ação global para preservar vida selvagem; Angola renova apostas para fazer crescer investimento na área; semana abre com momentos de celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Eleutério Guevane, enviado especial da Rádio ONU a Luanda.*
Angola encerra esta segunda-feira as atividades principais do Dia Mundial do Meio Ambiente. Este ano, o 5 de junho teve como foco o combate ao comércio ilegal da vida selvagem.
Momentos de reflexão e de atividades culturais marcaram a festa à moda angolana, numa nação com sinais de progresso e que quer se recuperar da crise dos preços de petróleo.
Planeta
O diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, disse que o comércio ilegal da vida selvagem é um tema que une a todos os habitantes do planeta.
Falando para marcar o fim da sua presença nos eventos, em Luanda, Achim Steiner afirmou que Angola foi selecionada para acolher a celebração por ser uma “fonte de recursos” como marfim, madeira e produtos do mar contrabandeados para o mercado internacional.
Comunidades
“A situação a nível do continente africano e global é muito perigosa neste momento. Sem ação internacional, mas também global, não se pode ganhar esta guerra.”
Steiner destacou que a batalha revela-se ainda mais difícil quando atuam sindicatos de crime no meio ambiente e injetam fundos ilegais que dividem nações e comunidades.
O chefe do Pnuma contou o exemplo de um país africano, que não revelou o nome, onde mais de US$ 40 milhões investidos em dezenas de comunidades locais e alimentaram conflitos, de umas contra as outras, para extrair metais no valor de US$ 2 bilhões nas zonas afetadas.
Mas foi para fazer frente ao combate pela sobrevivência das espécies de animais e plantas que fiscais de florestas ganharam um nova escola apoiada pela ONU em Angola.
Na província de Cuando Cubango, os “soldados da natureza” deram o seu grito de guerra no local que vai receber estudantes de países incluindo lusófonos.
Treino
Não se conhece a duração da luta mas a aposta é promover a conservação do ambiente e ajudar a conter a atividade ilegal nas florestas.
A ministra do Meio Ambiente de Angola, Fátima Jardim, disse que a festa foi uma boa ocasião para dar exemplos de superação, como o treino de antigos militares angolanos que agora vão controlar florestas.
“Estamos a dar emprego a homens que antes, sob ponto de vista de patriotismo, deram a sua contribuição à pátria. Protegeram a nossa soberania. Continuam a sua atividade, agora protegendo a natureza.”
Para a ONU, o momento é para dar impulso ao turismo para a economia angolana e global, num mundo onde mais de 1 bilião de visitantes cruzam fronteiras. Em África, o setor representa 7% das economias.
Angola quer fazer crescer a sua marca em tempos de crise.
Economia e Desenvolvimento
A abrir a gala, no domingo, o vice-presidente angolano, Manuel Vicente, disse que o evento chegou na hora certa, quando o propósito no país é avançar em termos de economia e do desenvolvimento sustentável.
“Constitui uma oportunidade para darmos a conhecer ao mundo o nosso vasto e variado potencial em ecossistemas, recursos naturais, paisagens e lugares de interesse turístico.”
Partilha
As figuras internacionais em Angola incluiram governantes de países como Namíbia e o ministro da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural de Moçambique. Falando à Rádio ONU, Celso Correia, destacou que o encontro valeu a pena pela partilha de experiências e boas práticas sobre o setor.
“Reforçamos a união de esforços e repisamos aquilo que são os nossos objetivos coletivos neste domínio.”
Primeiro Passo
A Alemanha esteve presente através do seu embaixador em Angola. Rainer Müller disse que o seu país vai continuar a apoiar o turismo angolano que carece de mais infraestrutura para crescer.
“Tem poucos animais aqui e isso não é de interesse dos turistas. Para atrair turista precisa muto aumentar o número dos animais. Então tem de fazer tudo para proteger o animal isso seria o primeiro passo.”
A cooperação entre a ONU e Angola em prol da proteção da vida de animais e plantas marcou as reflexões e apostas para melhorar o meio ambiente global na celebração em Luanda.
*Eleutério Guevane foi convidado do Pnud e da ONU em Angola.