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Após cinco anos, refugiados continuam a fugir de Kordofan Sul

Quase 90% dos refugiados são mulheres e crianças. Foto: Acnur/Rocco Nuri

Após cinco anos, refugiados continuam a fugir de Kordofan Sul

Violência em estado do Sudão faz com que civis busquem abrigo no país vizinho, o Sudão do Sul; Acnur regista 250 mil pessoas em fuga desde início da guerra nas Montanhas Nuba, em 2011.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Cinco anos após o início do conflito em Kordofan Sul, civis continuam a fugir do estado sudanês. O alerta é da Agência da ONU para Refugiados, Acnur. A maioria segue para o país vizinho, o Sudão do Sul.

Segundo o Acnur, quase 250 mil pessoas atravessaram a fronteira desde o começo da guerra nas Montanhas Nuba, em 2011. O porta-voz da agência, Adrian Edwards, destacou que “uma solução para a violência e o fim do sofrimento é mais necessária do que nunca”.

Apoio

Quase 90% dos que partem são mulheres e crianças. Uma entre 10 crianças chega ao Sudão do Sul sozinha ou sem um integrante da família. No centro de registo de Yida, o Acnur fornece refeições quentes, vacinas contra o sarampo e um local de descanso.

De Yida, os refugiados são levados de autocarro para um campo em Ajuong Thok, onde recebem roupa de cama e material para construírem uma tenda, além de panelas, mosquiteiros, cobertores, colchões e comida. Mas o local já está quase a atingir sua capacidade máxima de 46 mil pessoas.

Obstáculos

Somente neste ano, mais de 7,5 mil sudaneses foram para o estado da Unidade, no Sudão do Sul, sendo 3 mil somente em maio. A área já abriga 70 mil refugiados.

O conflito está a intensificar e o Acnur acredita que milhares de pessoas podem fugir de Kordofan Sul nas próximas semanas. Os refugiados que escapam relatam bombardeamentos aéreos e ataques em terra. Falta de comida ou de acesso à escola são outras razões para os civis deixarem o Sudão.

Com o aumento no número de refugiados, a situação fica mais complicada no Sudão do Sul. As escolas já estão superlotadas, com algumas salas de aula a receber 100 estudantes por vez. Até o momento, o Acnur só recebeu 17% do dinheiro necessário para suas ações no país este ano.