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“Humanidade é a única escolha” da comunidade internacional BR

Entrega de ajuda alimentar à população síria. Foto: PMA/ Hussam Al Saleh

“Humanidade é a única escolha” da comunidade internacional

Coordenadores humanitários da ONU no Oriente Médio e no norte da África divulgaram uma declaração conjunta nesta quinta-feira; eles pedem a líderes de todo o mundo que participem da Conferência Humanitária Mundial e façam dela um sucesso. 

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.

Coordenadores humanitários da ONU no Oriente Médio e no norte da África* divulgaram uma declaração conjunta nesta quinta-feira em que pedem aos líderes mundiais que participem da Conferência Humanitária Mundial e façam dela um sucesso.

Para eles, isso significa ouvir as vozes da região e tomar as “decisões corajosas” que causam mudanças.

Derramamento de Sangue

Líderes devem também, segundo os representantes da ONU, assumir sua responsabilidade para encontrar soluções políticas para “acabar com o derramamento de sangue e evitar ainda mais sofrimento”.

Eles defendem ainda que Estados e outros atores devem respeitar as leis de guerra e responsabilizar os que não o fazem.

Responsabilidade

Para os coordenadores, a responsabilidade também está com a comunidade humanitária, que se comprometeu em não deixar ninguém para trás; em outras palavras, empoderando e protegendo os mais vulneráveis e tratando todos com dignidade.

A primeira Conferência Humanitária Mundial será realizada entre 23 e 24 de maio em Istambul, na Turquia. Para os representantes da ONU, esta é uma “oportunidade única” para agir.

Sofrimento Intolerável

Na declaração, eles alertam que milhões de pessoas no Oriente Médio e no norte da África estão passando por “sofrimento humano intolerável”.

Ampla violência, conflito e extremismo no Iêmen, Iraque, Líbia, Palestina e Síria estão criando  necessidades humanitárias imensas e os impactos são sentidos além das fronteiras.

Segundo os coordenadores, atualmente, cerca de 55 milhões de pessoas na região precisam de assistência humanitária para garantir sua sobrevivência.

São milhões de meninas, meninos, mulheres e homens que não sabem de onde virá sua próxima refeição. Eles não tem acesso a cuidados de saúde essenciais, seja para dar à luz de forma segura, receber tratamento para doenças crônicas ou proteger crianças de doenças evitáveis.

Estas pessoas não têm acesso à agua limpa ou higiene básica; aos que foram deslocados de suas casas falta abrigo adequado, e eles são às vezes forçados a dormir ao ar livre.

Os representantem da ONU mencionaram ainda a preocupação de milhões de famílias em não saber quando a próxima bomba pode cair ou se seus amigos ou familiares serão atingidos pelo fogo cruzado entre envolvidos nos combates.

Fim da Tragédia

Os coordenadores humanitários defenderam uma “responsabilidade compartilhada” de todos em acabar com esta tragédia e preservar a dignidade das pessoas.

Na preparação para a Conferência, eles consultaram e ouviram milhares de vozes na região.

Seus sentimentos e demandas foram claros: indignação com o alto índice de vítimas e sofrimento todos os dias; descrença na falta de responsabilização para clara violações das leis humanitárias e de direitos humanos internacionais.

A nota indica decepção com o sistema humanitário por falhar em apoiar e fortalecer a capacidade de resposta local e convicção que a ajuda humanitária não pode substituir ação política que aborde as causas do sofrimento das pessoas.

Humanidade

Enquanto o tempo passa em direção à Conferência Humanitária, ele se esgota todos os dias para milhões de pessoas atingidas na região.

Eles não têm escolha, concluíram os representantes da ONU, mas a comunidade internacional tem: humanidade.

*Os coordenadores humanitários:

Lise Grande, coordenadora humanitária para o Iraque.

Edward Kallon, coordenador humanitário para a Jordânia.

Philippe Lazzarini, coordenador humanitário para o Líbano.

Ali Al Za’tari, coordenador humanitário para a Líbia.

Robert Piper, coordenador humanitário para o território Palestino ocupado.

Yacoub El Hillo, coordenador humanitário para a Síria.

Kevin Kennedy, coordenador humanitário regional para a crise na Síria.

Jamie McGoldrick, coordenador humanitário para o Iêmen.

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