Trauma cria receios de retorno de centro-africanos às zonas de origem

OIM revela que mais de dois em cada 10 desalojados mencionou o motivo; 70% querem voltar às áreas de origem; pesquisa revela que mais de metade da população deslocada ainda precisa de apoio básico.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Um estudo da Organização Internacional para Migrações, OIM, revela que 70% dos desalojados centro-africanos desejam retornar às áreas de origem.
Entretanto, 28% dos inquiridos querem viver em áreas de acolhimento ou instalar-se noutros locais devido ao trauma nas áreas de origem. Eles preferem habitar com familiares ou em aldeias afastadas dos assentamentos urbanos.
Regresso
A OIM explicou que numa pesquisa anterior as populações priorizavam a segurança das zonas de retorno, um fatores que mais impedia o seu regresso.
Os entrevistados citam agora a falta de acesso aos mercados e de unidades de saúde. A outra intenção manifestada pelo grupo é que haja um retorno visível de forças de segurança, que incluem polícias e militares.
Desde 2013, a grande maioria de deslocados voltou a viver nos locais em que estavam instalados antes do conflito entre os grupos anti-Balaka, de maioria cristã, e a aliança Séléka composta por muçulmanos.
No auge da crise, no princípio de 2014, mais de 930 mil pessoas foram deslocadas. O número equivale a um quarto da população centro-africana.
Atividades
Cerca de 54% das pessoas que ainda vivem como deslocadas disse precisar de ajuda para o retorno às atividades tradicionais para gerar renda e pedem acesso a um abrigo.
A pesquisa foi a primeira a ser realizada dentro e fora da capital Bangui, em áreas de grande deslocamento, locais de deslocamento espontâneo e com famílias de acolhimento.
Retorno Voluntário
O objetivo é recolher pormenores tanto às novas autoridades como à comunidade internacional para contribuir para uma abordagem sustentável e bem informada de retorno voluntário e digno e encerramento de campos.
A pesquisa também pretendia identificar os fatores vistos pela população como os mais apropriados para o retorno às áreas de origem.
*Apresentação: Denise Costa.