Secretário-geral apela aos países para abrirem suas portas aos sírios
Ban Ki-moon diz que todas as nações podem fazer mais para ajudar refugiados, que estão numa “situação de desespero”; em conferência em Genebra, chefe da ONU reafirma ser essencial negociar transição política.
Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.
Foi realizada em Genebra nesta quarta-feira a reunião de alto nível “Responsabilidade Global Compartilhada para Refugiados Sírios”. O secretário-geral da ONU discursou no encontro e falou que os civis da Síria enfrentam “uma situação de desespero”.
Ban Ki-moon pediu aos países para agirem de forma solididária, em nome da humanidade, recebendo os sírios em seus territórios. Algumas medidas sugeridas por ele: reassentamento ou admissão humanitária de refugiados, reunificação de famílias e oferecimento de oportunidades de trabalho ou de estudo.
Benefícios
Segundo o secretário-geral, quando administrado de maneira correta, aceitar refugiados pode beneficiar a todos. Ban afirmou que os refugiados têm a fama de serem empenhados “na educação e na auto-resiliência”, podendo levar novas habilidades e experiência para a força de trabalho.
O chefe da ONU foi claro: “tentativas de demonizar os refugiados são ofensivas e incorretas”. Ele pediu aos líderes para conter o medo da população, lutando contra informações incorretas.
Reassentamento
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, calcula que 10% dos refugiados sírios, ou 480 mil pessoas, precisam ser reassentados ou admitidos em outro país. Mas até agora, as nações concordaram em receber apenas 179 mil pessoas.
Ban disse que o número é pequeno, comparado com milhões que estão na Turquia, no Líbano e na Jordânia. Por isso o apelo para que mais países abram suas portas aos sírios.
O secretário-geral lembrou que hoje essas pessoas são refugiadas, mas amanhã podem ser estudantes, professores, cientistas ou pesquisadores. E a melhor maneira de oferecer esperança aos sírios é acabando com o conflito.
Negociações
Ban Ki-moon lembrou que as hostilidades diminuíram no último mês, mas as partes em conflito precisam consolidar o acordo, concordar com um cessar-fogo e encontrar uma solução política por meio do diálogo.
O enviado dele à Síria, Staffan de Mistura, está “fazendo o possível para avançar com as negociações, que precisam do apoio da comunidade internacional”.
Ban voltou a dizer que não existe solução militar para o conflito sírio e que não existe outra alternativa, a não ser “negociar uma solução política que leve à criação de uma nova Síria”.
Na semana passada, ele visitou refugiados no Líbano, no Iraque e na Jordânia. Juntamente com a Turquia, os quatro países abrigam 4,8 milhões de sírios que fugiram do conflito.
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