Conflito e falta de condições fazem fugir mais sul-sudaneses para o Sudão
Mais de 42 mil refugiados chegaram ao país vizinho desde janeiro; Acnur espera aumento do fluxo nos próximos dias; cerca de 150 famílias foram diariamente registadas em Darfur na semana passada.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
Está a subir o número de sul-sudaneses em fuga para o vizinho Sudão devido ao aumento da insegurança alimentar. Esta terça-feira, o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, citou ainda o conflito e as condições económicas.
Numa semana, a agência observou um aumento de 50% nas chegadas diárias de sul-sudaneses à área de Darfur Oriental. As famílias contadas por dia subiram para 150. Esperam-se mais chegadas nos próximos dias.
Agitação
Cerca de 38 mil pessoas chegaram este ano ao leste e sul da região sudanesa, devido ao agravamento da insegurança alimentar aliado à crescente agitação em estados do Sudão do Sul como norte de Bahr El Ghazal e Warrap.
O Acnur receia que a situação possa piorar rapidamente à medida que agrava a situação nutricional nos estados do Alto Nilo, Warrap e norte de Bahr El Ghazal. A agência quer acesso direto para apoiar a resposta em Darfur Oriental.
No sul da região, cerca de 2 mil novas chegadas foram registadas no acampamento de Beliel. Cerca de 4,8 mil foram registados nos estados de El Meiram e Kordofan Ocidental.
Crianças Separadas
Vários sul-sudaneses não têm documentos de identificação nem assistência humanitária, particularmente artigos alimentares e de higiene como sabão e recipientes para guardar água. Muitas crianças foram separadas das famílias.
Na semana passada, o Acnur liderou agências que procuraram apurar as necessidades dos recém-chegados e das comunidades de acolhimento já sobrecarregadas. Uma família chega a hospedar entre 25 a 35 pessoas.
Cuidados
A avaliação indica que os refugiados enfrentam insegurança na rota para o Sudão e que, além da superlotação, estão doentes e precisam de cuidados médicos.
O conflito no Sudão do Sul, iniciado em dezembro de 2013, é a causa da que é tida como uma das maiores emergências humanitárias globais. Mais de 2,3 milhões de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas.
Resposta
De acordo com o Acnur, somente 3% do plano de resposta para os refugiados sudaneses foi financiado perante o rápido aumento do número de sul-sudaneses que deixam as suas casas.
O fraco apoio ao Plano de 2016 preocupa porque a agência prevê apoiar programas de refugiados em países vizinhos. As ações gravemente subfinanciadas incluem oferta de água potável, serviços de saúde, saneamento, alimentação e abrigo.
*Apresentação: Denise Costa.
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