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Pouco progresso no mundo para combater racismo BR

Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial. Foto: Pnud/Tiago Zenero

Pouco progresso no mundo para combater racismo

ONU fez o alerta para marcar o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, esta segunda-feira, 21 de março; escritório de Direitos Humanos cita “alarmante aumento nos discursos de ódio e xenofobia”.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O Escritório das Nações Unidas de Direitos Humanos afirmou que “houve muito pouco progresso no mundo para combater o racismo e a xenofobia”.

A declaração foi feita para marcar o Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, esta segunda-feira, 21 de março.

Impunidade

A relatora especial sobre formas contemporâneas de racismo, Mutuma Ruteere, afirmou que “muito mais precisa ser feito pelos governos mundiais para proteger os grupos de pessoas vulneráveis e punir os responsáveis”.

Ruteere fez a afirmação junto com a correlatora presidente do Grupo de Trabalho de Especialistas Sobre Pessoas de Descendência Africana, Mireille Mendes-France e com o chefe do Comitê sobre a Eliminação da Discriminação racial, José Francisco Tzay.

Os especialistas em direitos humanos afirmaram que “a impunidade se tornou a norma para os crimes hediondos e isso é uma situação muito alarmante”.

Segundo eles, “15 anos depois da Conferência de Durban, na África do Sul, pouco progresso foi alcançado para combater não só o racismo e a xenofobia, mas também a afrobia, que é o medo de culturas e povos da África e a intolerância”.

Líderes Políticos

Os relatores disseram que o mundo “está vendo líderes políticos, pessoas públicas e até mesmo a imprensa estigmatizando e culpando os migrantes, refugiados e estrangeiros, de uma forma geral”, pelos problemas.

Eles demonstraram preocupação sobre os “recentes pedidos feitos por políticos e autoridades para a prisão em massa e a deportação de estrangeiros”.

Para os especialistas, “esse tipo de comportamento encoraja atos de violência contra pessoas consideradas vulneráveis”.

Os relatores pediram aos governos que estabeleçam planos de ação apropriados contra o racismo, assim como criem instituições que promovam a igualdade e que forneçam ajuda adequada às vítimas”.

Intolerância

Num evento realizado na sede da ONU, o secretário-geral, Ban Ki-moon, afirmou que o mundo registrou progressos na garantia dos direitos iguais e contra a discriminação.

Apesar disso, Ban disse que está profundamente preocupado com o aumento de casos de intolerância, visões racistas e violência causada pelo ódio em várias partes do planeta.

Ele citou que o racismo e a violência contra certas comunidades estão aumentando. As dificuldades econômicas e o oportunismo político estão gerando mais hostilidades contra minorias.

Extrema Direita

Partidos políticos de extrema direita estão fomentando divisão e mitos perigosos. Ban declarou que até mesmo os partidos de centro estão “endurecendo suas visões”, países considerados moderados estão vendo aumento da xenofobia.

O secretário-geral explicou que tudo isso junto, eleva o risco de fratura da sociedade, instabilidade e conflito.

Para Ban, “não discriminação e igualdade formam a base do sistema universal de direitos humanos’. Ele pediu a “união de todos para garantir dignidade, justiça e desenvolvimento para todos”.