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Número de refugiados moçambicanos sobe e Malaui deve reabrir campo

O campo de refugiados de Luwani abrigou refugiados moçambicanos durante a guerra civil de 1977 a 1992. Foto: Acnur

Número de refugiados moçambicanos sobe e Malaui deve reabrir campo

Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, saudou a decisão do governo malauiano; cerca de 10 mil refugiados se registaram até o momento no sul do país.

Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, saudou a decisão do governo malauiano de reabrir um antigo campo de refugiados devido ao número crescente de pessoas fugindo de Moçambique.

Cerca de 10 mil refugiados se registaram até o momento no sul do Malaui. A maioria dos recém-chegados, a atravessar a fronteira desde meados de dezembro, estão em uma única cidade, Kapise, a 100 quilómetros da capital Lilongwe.

Ataques Mortais

Chegadas diárias no Malaui têm crescido: antes do fim de fevereiro, eram 130 pessoas por dia, e atualmente Kapise recebe cerca de 250 diariamente.

Moçambicanos que chegaram no início do ano mencionaram ter fugido de “ataques mortais” em suas cidades. Os civis citaram o medo de confrontos entre forças do governo e o principal grupo de oposição, Renamo, que deseja controlar seis províncias do norte do país: Manica, Sofala, Tete, Zambezia, Nampula e Niassa.

A decisão do governo malauiano foi anunciada na sexta-feira e envolve a reabertura do campo de refugiados de Luwani, onde serviços básicos e segurança podem ser melhor garantidos.

Campo de Refugiados

O campo recebeu anteriormente refugiados moçambicanos durante a guerra civil de 1977 a 1992, e foi fechado em 2007.

O Acnur expressou apreço pela generosidade do Malaui em abrigar tantas pessoas e reiterou a importância de manter as portas abertas às pessoas a fugir de perigo.

Financiamento

Diversos parceiros, incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, o Programa Mundial de Alimentação, PMA, e a ONG Médicos sem Fronteira, MSF, estão a fornecer serviços essenciais em Kapise, incluindo água, alimentos e cuidados de saúde.

O Acnur afirmou, no entanto, que a falta de financiamento é um problema. Segundo a agência, é preciso US$ 1,8 milhão para atender as necessidades imediatas, porém mais será necessário para lidar com o número crescente de chegadas.

O Malaui já abriga cerca de 25 mil refugiados, a maioria da região dos Grandes Lagos e do Corno de África, no campo de Dzaleka, que ja está cheio. As porções alimentares foram cortadas em 50% desde outubro e os recursos para assistir os refugiados são limitados.

*Apresentação: Michelle Alves de Lima.