“Líbia está mergulhada em violência e violações de direitos humanos”
Avaliação é do alto comissário da ONU, Zeid Al Hussein; no seu relatório anual ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, representante citou ainda situação no Sudão do Sul, Darfur, Burundi, Bacia do Lago Chade e República Centro-Africana, entre outros locais.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A “Líbia está atualmente mergulhada em violência e violações de direitos humanos”. A avaliação é de Zeid Al Hussein, alto comissário das Nações Unidas para direitos humanos.
Ele disse que o relatório recente de seu Escritório “documenta violações cometidas por todas as partes, com completa impunidade”. Zeid citou que “juízes e promotores foram atacados e mortos e tribunais pararam de funcionar, ou estão a operar de forma limitada por conta dos ataques a bombas”.
África
Ao apresentar o seu relatório anual ao Conselho de Direitos Humanos, o alto comissário declarou também que a “escala, intensidade e gravidade dos abusos de direitos humanos continuaram no Sudão do Sul, apesar do acordo de paz de agosto de 2015”.
Zeid também citou a situação na República Democrática do Congo e na Bacia do Lago Chade, onde afirmou que as milícias Boko Haram continuam a causar “imenso sofrimento”.
Em relação ao Burundi, o representante disse que o governo “deu alguns passos iniciais na direção de permitir a operação de um número muito limitado de meios de comunicação independentes”.
Zeid apelou para que estas medidas sejam seguidas por outras que dêem espaço para que os media e as ONGs operem livremente.
O alto comissário permanece, no entanto, muito preocupado com relatos de “mortes, desaparecimentos forçados e prisões ilegais no Burundi, assim como o uso frequente de tortura”.
Eleições
Ao mesmo tempo, o representante declarou que a população da República Centro-Africana merece parabéns por sua recente e “predominantemente pacífica” eleição presidencial.
Para Zeid, o processo eleitoral do ano passado em Burquina Fasso também é “inspirador, a enviar uma mensagem forte ao redor do mundo a líderes que procuram permanecer no poder além de seu período legal”.
Europa
Na apresentação, o alto comissário também reiterou sua "profunda preocupação" com o "ressurgimento do racismo, da intolerância e da xenofobia na Europa".
Ele defendeu que todos os Estados devem rapidamente tomar medidas para conter a questão. Zeid enfatizou, em particular, a necessidade de processar os suspeitos de crimes, incluindo a violência racista e contra estrangeiros.
Afrodescendentes
Nos primeiros dois meses deste ano, mais de 400 pessoas morreram tentando chegar na Europa. Segundo Zeid, isso aconteceu em parte devido à falta de meios viáveis de entrada.
A maioria das pessoas tentando essa viagem são mulheres e crianças, algumas em situação de extrema vulnerabilidade.
Ele citou ainda que, como coordenador da Década Internacional dos Afrodescendentes, está particularmente preocupado com o racismo enfrentado por essa população em todo o mundo nas "mãos de policiais, juízes e autoridades relacionadas".
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