Ban diz que comunidade internacional deve agir para prevenir crises
Secretário-geral da ONU afirmou que mundo deve mudar padrão de reagir a guerras e desastres para uma cultura de evitá-las; ele declarou que numa era de interdependência, paz e prosperidade dependem de pacto social global.
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o mundo continua “sintonizado” num sistema de resposta a crises, agindo apenas quando a situação é crítica e depois do surgimento de vários “incêndios” que foram previstos.
Em discurso na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, esta quarta-feira, Ban disse que “o desafio da comunidade internacional é sair de um padrão de reação a crises, conflitos ou desastres naturais, para uma cultura de prevenção”.
Globalização
Ele declarou que essa cultura significa uma atenção maior na prevenção de violações dos direitos humanos.
Ao falar sobre a globalização, o chefe da ONU disse que “numa era de interdependência, paz e prosperidade necessitam de um pacto social global que tenha como raiz a dignidade para todos”.
Segundo Ban, etnia, gênero, cor da pele, classe social ou nacionalidade não devem nunca ser usados para explorar pessoas mais vulneráveis ou fomentar o ódio.
Para o secretário-geral, garantir os direitos de todos os cidadãos representa apenas uma parte da batalha. Ban disse que “reconhecer os direitos humanos dos outros representa o verdadeiro teste de compromisso”.
Daesh e Boko Haram
O chefe da ONU disse que atualmente, em muitos lugares e muitos aspectos, os direitos humanos estão sob ataque ou foram completamente desrespeitados.
Ban deu como exemplos a ação deliberada para deixar a população faminta na Síria com as regiões e cidades sitiadas, como também mulheres e meninas escravizadas pelo Daesh, denominação em árabe para o grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil.
Ele citou ainda as ações do Boko Haram e de outros grupos extremistas violentos.
O secretário-geral afirmou que muitos governos também estão retaliando contra defensores dos direitos humanos e restringindo a liberdade de imprensa.
Migrantes e Refugiados
Ban pediu às autoridades responsabilidade compartihada e compaixão quando lidarem com movimento em massa de migrantes e refugiados.
Ele pediu à comunidade internacional que demonstre grande solidariedade na Conferência Humanitária para a Síria, que vai ocorrer esta quinta-feira, em Londres.
O secretário-geral falou da importância de colocar as crianças de volta nas escolas. Aproximadamente 2 milhões de alunos estão fora das salas de aula atualmente no país.
Outro objetivo importante é que os todos os lados do conflito permitam a passagem dos comboios que levam ajuda humanitária para as pessoas mais necessitadas.
Segundo Ban, no mínimo 400 mil pessoas estão vivendo em pelo menos 15 cidades sitiadas por todo o país.
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