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FAO aposta em advocacia para promover leguminosas em Moçambique

Foto: FAO/Sebastián Villar

FAO aposta em advocacia para promover leguminosas em Moçambique

Agência e parceiros anunciam  promoção de seminários e feiras culturais sobre os chamados superalimentos; ideia é destacar o Ano Internacional das Leguminosas; feijão-manteiga é a variedade mais produzida em todo o país.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, proclamou 2016 como o Ano Internacional das Leguminosas. O objetivo é promover o poder das proteínas e os benefícios dos legumes secos para a saúde.

A Rádio ONU em Maputo conversou com o representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada. De Maputo, o representante citou a importância da escolha de 2016 para promover o tipo de alimentos.

Teor de Proteínas

“Para Moçambique, este grupo de variedades também tem um papel importante na dieta das populações. Fornece uma fonte de proteínas relativamente barata porque as outras fontes de proteínas são o leite, as carnes e elas têm um conteúdo de 20% a 25% de proteína por peso e uma composição química extremamente boa. São superalimentos, porque para além desse teor em proteínas têm um teor em fibras solúveis, que são boas para o organismo, e também micronutrientes como o zinco e o ferro que são essenciais para questões, por exemplo, da anemia.”

Feijão-manteiga

Dados do Anuário de Estatísticas Agrárias 2012-14 indicam que em 2014 o produto que faz parte das leguminosas mais produzidas em Moçambique é o feijão-manteiga. A produção à escala nacional foi de 51.583 toneladas.

A província do Niassa, no norte, produziu 22.028 toneladas, seguida de Tete com 15.175 toneladas. A província de Cabo Delgado foi a que teve os resultados mais baixos, com apenas 70 toneladas.

“Em Moçambique são consumidos muitos feijões, é um país por excelência na produção de vários tipos. O vulgarmente conhecido como “feijão-nhemba” entra na dieta de muitos pratos em Moçambique.Todos estes feijões são muito comuns. O próprio governo tem, inclusive, um programa de investigação e divulgação destas variedades. Portanto, isso para Moçambique é bom e vai representar uma oportunidade de nós, a FAO, juntamente com outros parceiros nessa área, trabalhar no sentido de fazer uma campanha de advocacia em relação a este grupo de culturas.”

Conservação

Dos vários tipos de feijão, o conhecido por feijão-nhemba teve uma produção nacional de 103.837 toneladas. A província de Nampula obteve a maior quantidade, com 34.964 toneladas, seguida de Zambézia, com 13.461 toneladas e Cabo Delgado, com 12.913 toneladas.

Sobre a colheita, o representante da FAO em Moçambique disse haver desafios que têm a ver com a conservação.

“Umas das coisas que nós, como FAO, estamos também a fazer é promover sistemas de armazenamento melhorados que permitem conservar o grão por um período mais prolongado. Os vulgarmente chamados silos do tipo Gorongosa são o exemplo de um tipo de silos que temos estado a promover, que são relativamente baratos de construir com materiais locais no campo, mas chegam a armazenar uma tonelada de grão. O produtor que tenha que tenha dois ou três silos destes pode facilmente armazenar duas ou três toneladas de grão pelo menos de um ano sem riscos de deterioração.”

Um outro desafio citado pelo representante da agência é a questão da comercialização dos produtos.

Mercadorias

“A comercialização de fazer com que os produtores façam chegar o produto no mercado é outro desafio para o qual será necessário investimentos essencialmente nas vias de comunicação. Normalmente, o que nós vemos no meio rural é que existe muitas dificuldades na transportação e transação dessas mercadorias, porque as vias de acesso não estão bem desenvolvidas, pois isso, encarece todo processo de transporte. As questões do desenvolvimento agrário precisam ser vistas de uma forma global, é preciso olhar para os aspetos de comercialização, das vias de transporte, etc...”

As leguminosas são grãos produzidos em vagens como os feijões, a lentilha, o grão-de-bico, a soja, a ervilha, o amendoim e o tremoço.

O grupo alimentar é fonte importante de carboidratos, que garantem energia para o funcionamento do corpo e do sistema nervoso, e também proteínas, que são “construtoras de tecidos” no organismo.