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Metade da população enfrenta fome na República Centro-Africana, diz PMA

Situação é vivida por cerca de 2,5 milhões de pessoas. Foto: ONU/Logan Abassi

Metade da população enfrenta fome na República Centro-Africana, diz PMA

Situação é vivida por cerca de 2,5 milhões de pessoas; número de pessoas que vivem na situação duplicou num ano; 400 mil pessoas receberam alimentos do PMA em dezembro.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Metade da população da República Centro-Africana enfrenta a fome, segundo o Programa Mundial de Alimentação, PMA. A agência coloca em cerca de 2,5 milhões o número de pessoas que vivem a situação.

A Avaliação de Segurança Alimentar em Situação de Emergência indica que o número de famintos duplicou num ano, com o conflito e a insegurança como fatores por detrás da limitação do acesso e da disponibilidade dos alimentos.

Refeição

A análise que envolveu parceiros destaca que um em cada seis “mulheres, homens e crianças” enfrenta insegurança alimentar severa ou extrema. Mais de uma em cada três pessoas vive em situação de insegurança alimentar moderada, "sem saber de onde virá a refeição seguinte".

O diretor-adjunto do PMA na República Centro-Africana disse que três anos de crise provocaram "elevadíssimas" vítimas, com famílias muitas vezes forçadas a vender os bens, a tirar os filhos da escola e até mesmo a recorrer à mendicidade.

Guy Adoua destacou que o cenário não é uma emergência rotineira e que as pessoas ficaram sem nada.

Nutrientes Baixos

Adoua disse haver extrema preocupação do PMA com o nível alarmante de fome. Ele acrescentou que as pessoas não só carecem de comida suficiente, mas também são forçadas a consumir alimentos de custos e nutrientes baixos que não satisfazem as suas necessidades nutricionais.

A colheita de 2014-2015 foi fraca e os preços dos alimentos continuam elevados porque os agricultores não trabalham nos seus campos devido à insegurança.

Centenas de milhares foram forçados a fugir das suas casas e a abandonar as suas terras e meios de subsistência, destaca o relatório.

Refúgio

Em setembro, surgiram novos confrontos enquanto eram recolhidos os dados sobre a segurança alimentar para ser usados na avaliação do PMA.

Para a agência, essa violência alimentou mais os deslocamentos numa altura em que as pessoas retornavam lentamente para as suas casas. Quase 1 milhão de centro-africanos ainda estão deslocados ou buscam refúgio nos países vizinhos.

O relatório recomenda que seja dada ajuda alimentar de emergência de uma forma continuada às famílias deslocadas e repatriadas, além de alimentos e de assistência técnica para a recuperação dos agricultores.

Alimentação

O documento aconselha ainda a criação de redes de segurança com programas como de alimentação escolar e apoio para reabilitar a infraestrutura através de atividades de troca de víveres por bens.

O PMA fornece alimentos de emergência e apoio nutricional aos mais vulneráveis e está envolvida no apoio aos esforços de recuperação.

Merenda Escolar

As iniciativas da agência incluem transferências de dinheiro e compras de alimentos locais. Estes são usados na merenda escolar para milhares de crianças impulsionando a economia e os meios de subsistência.

Adoua defende a ajuda aos mais vulneráveis, que carecem de auxílio alimentar de emergência para sobreviver mas também destaca a necessidade de ter foco nas pessoas para que estas se possam recuperar e reconstruir.

Transferências

Cerca de 400 mil pessoas receberam alimentos do PMA em dezembro através das vias normais de distribuição, das transferências de dinheiro, do apoio nutricional, de refeições escolares e de atividades de troca de comida por bens.

A agência precisa de US$ 41 milhões de apoio urgente para continuar a dar assistência alimentar e nutricional às comunidades deslocadas e vulneráveis até junho. Os fundos também devem apoiar os esforços de recuperação.