ONU revela que 4,9 milhões de pessoas precisam de apoio essencial e de meios de subsistência; cerca de 308 mil menores de cinco anos sofrem de desnutrição aguda no país; El Niño e fugas do conflito iemenita agravaram as necessidades.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
As Nações Unidas e parceiros precisam de US$ 885 milhões para prestar auxílio humanitário urgente a cerca de 3,5 milhões de pessoas na Somália em 2016.
Um apelo lançado esta terça-feira insta a comunidade internacional a garantir um financiamento "previsível e oportuno" ao país com cerca de 4,9 milhões de pessoas a precisar de apoio essencial e de meios de subsistência.
Visão Coletiva
Falando em Mogadíscio, o coordenador humanitário das Nações Unidas para a Somália, Peter de Clercq, disse que o Plano de Resposta Humanitária de 2016 representa uma visão coletiva das agências do setor na Somália.
O objetivo é baixar a vulnerabilidade crítica e o risco das pessoas entrarem cada vez mais em crise através da prestação de assistência, da construção de resiliência e do reforço da proteção essencial aos grupos vulneráveis.
De acordo com o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, mais de 1,1 milhão de pessoas continuam a viver como deslocados no país e "aguardam há muito tempo por soluções duradouras".
Crianças em Risco
Quanto à situação infantil, o destaque vai para 308 mil menores de cinco anos com desnutrição aguda. Destas, mais de 56 mil podem morrer se não forem tratadas.
O fraco acesso aos cuidados de saúde primários coloca aproximadamente 1,9 milhão de pessoas em risco de morte e de doenças que podem ser evitadas na Somália.
O país tem uma taxa de mortalidade materna que está entre as mais altas do mundo. Cerca de 2,8 milhões de pessoas precisam de um melhor acesso à água e 1,7 milhão de crianças estão fora da escola.
Desnutrição
O coordenador humanitário explicou que a ideia é baixar o número de pessoas que carecem de ajuda alimentar de 4,9 milhões para 3,2 milhões de pessoas. A outra meta é reduzir as taxas de prevalência de desnutrição até o fim do ano.
O país espera receber mais refugiados e retornados que fogem da crise do Iémen que se devem juntar às 30 mil pessoas que chegaram ao território somali. Outros devem voltar à casa depois de terem vivido no vizinho Quénia.
El Niño
O fenómeno climático El Niño foi o outro fator que piorou as necessidades humanitárias de forma significativa com o agravamento das cheias e da seca. Cerca de 145 mil pessoas foram afetadas em 2015.
De acordo com o Ocha, o impacto do El Niño foi reduzido graças à "cooperação eficaz entre o governo somali e a comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas".
O vice-primeiro-ministro da Somália disse que o plano humanitário é uma oportunidade para reforçar a colaboração abordando necessidades essenciais e de desenvolvimento a longo prazo com projetos que incluem o quadro do New Deal.
O plano pretende apoiar a recuperação do conflito e a reconstrução da sociedade.
Tempo Útil
Mohamed Omar Arteh declarou que o financiamento em tempo útil tem um enorme impacto no custo-eficácia e na oferta de uma resposta adequada.
O plano humanitário de 2016 faz parte da estratégia de três anos a ser executada até 2018. O projeto reconhece que os fatores responsáveis pelas necessidades no país são cíclicos e de longa duração e não podem ser resolvidos num ano.
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