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Agências da ONU relatam piora da situação para pessoas sitiadas na Síria BR

Voluntários do Crescente Vermelho Árabe entregam suprimentos em Madaya, Síria. Foto: Unicef

Agências da ONU relatam piora da situação para pessoas sitiadas na Síria

São 200 mil pessoas que enfrentam cerco na cidade de Deir-Ez-Zor e precisam com urgência de assistência; comboio humanitário segue para Madaya e Zabadani; subsecretário-geral da ONU divulga carta sobre sua frustração.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York.

Agências humanitárias da ONU expressaram nesta segunda-feira preocupação com cerca de 200 mil pessoas enfrentando piora nas condições de vida em Deir-Ez-Zor.

O cerco à cidade da Síria impede a entrega de assistência, em especial de comida e medicamentos. Já foram relatados casos de desnutrição severa e de mortes devido à fome.

Emergência

O governo estaria fornecendo estoques de pão em Deir-Ez-Zor, mas a quantidade é limitada devido à falta de acesso comercial à área.

O porta-voz do secretário-geral, Farhan Haq, informou que já foi aprovado o transporte aéreo de assistência essencial a região, numa operação de emergência que deverá ser feita por agências da ONU.

Mas confrontos no entorno do aeroporto militar estão impedindo a operação. Por outro lado, agências da ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho Árabe estão a caminho de entregar comida e medicamentos para Zabadani.

Frustração

Esse será o primeiro comboio do mês para a cidade, enquanto um terceiro comboio humanitário está sendo preparado para Madaya, Foah e Kafraya.

Nesta segunda-feira, o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários divulgou uma carta aberta à sociedade civil síria. Stephen O’Brien afirmou estar “bravo e frustrado com a situação em cidades do país que estão sob cerco” e com o peso que isso tem na vida de crianças e adultos.

Riscos

O’Brien destacou que os trabalhadores humanitários estão se esforçando para levar assistência à população, sendo que 80 já foram mortos em serviço e muitos outros continuam desaparecidos.

Apesar disso, o chefe humanitário da ONU garantiu que as equipes vão continuar sua missão. O’Brien afirmou que apoia qualquer iniciativa que possa levar ao fim da violência na Síria e ajudar a organização e parceiros a ajudar os que precisam.

Ele garantiu que as Nações Unidas não são próximas de nenhum lado em conflito, nem estão agindo de maneira a encorajar o uso do cerco como tática. Segundo O’Brien, a missão é agir de forma imparcial, neutra e independente, contactando todos os lados para negociar acesso aos mais vulneráveis.

Mais de 100 mil sírios em Madaya, Biqin, Foah, Kafraya e Al Waer receberam recentemente assistência, incluindo alimentos e remédios.

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