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El Niño já provocou 14 milhões de vítimas de fome na África Austral, diz PMA

Agricultor na Suazilândia. Foto: FAO

El Niño já provocou 14 milhões de vítimas de fome na África Austral, diz PMA

Angola e Moçambique afetados pela falta de água para produzir alimentos; fenómeno deve atingir mais de 49 milhões de pessoas em áreas rurais e urbanas; maior produtor da região, África do Sul declarou pior seca em mais de 50 anos.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque. 

O Programa Mundial de Alimentação, PMA, expressou preocupação crescente com a segurança alimentar na África Austral. De acordo com a agência, cerca de 14 milhões de pessoas enfrentam fome na região.

A situação segue-se à estiagem prolongada que resultou numa má colheita no ano passado. O fenómeno climático El Niño causou a pior seca e afeta a safra regional deste ano.

Previsões Alarmantes

As previsões são alarmantes com pouca ou nenhuma chuva em muitas áreas aliadas ao aproximar do fim da época de plantio de cereais, declara o PMA.

Uma nota divulgada esta segunda-feira revela preocupação com Angola e Moçambique devido à falta de água para ser usada na agricultura e na pecuária. Os outros países afetados pelo problema são o Lesoto e a Suazilândia.

Vulnerabilidade

Moçambique é também um dos países onde a "taxa alarmante de desnutrição crónica chama atenção". O fator é considerado um sintoma da vulnerabilidade na área de segurança alimentar e nutricional da África Austral.

O desafio também é motivo de alarme em Madagáscar, no Malaui, e na Zâmbia que estão entre os países mais atingidos do mundo. O problema afeta o desenvolvimento físico e cognitivo e a sua saúde e de produtividade no futuro.

Milho

De acordo com o PMA, os preços alimentos têm vindo a aumentar na região devido à baixa produção e disponibilidade do produto. O custo milho, uma das culturas mais básicas, está 73% mais alto em relação à média de três anos para esta época do ano no Malaui.

O país foi o mais afetado pelas fracas chuvas do ano passado e tem 2,8 milhões de pessoas a enfrentar fome. As outras nações atingidas são Madagáscar com cerca de 1,9 milhão de pessoas e o Zimbabué com 1,5 milhão.

O governo do Lesoto declarou emergência de seca no mês passado. Cerca de 650 mil pessoas não têm comida suficiente, o equivalente a um terço da população.

Celeiro Regional

A África do Sul, considerado o maior celeiro da região, já declarou que a atual seca provocada pelo El Niño é a pior sofrida pelo país em mais de meio século.

A chefe do PMA, Ertharin Cousin visitou a Zâmbia um dos maiores celeiros na região. Ertharin Cousin disse que o que acontece no país é motivo de preocupação não só para o país mas toda região.

Resposta

A representante disse estar particularmente preocupada com a incapacidade dos agricultores de colherem o suficiente para alimentar as suas famílias este ano. Eles terão "muito menos" para vender com vista a cobrir necessidades domésticas.

O PMA disse que enfrenta desafios de financiamento críticos apesar dos planos de aumentar alimentos na chamada temporada magra e os programas de assistência baseados em dinheiro nos países mais atingidos.

Abastecimento

Junto a governos, organizações regionais e outros parceiros decorrem ações para criar planos de contingência, preparação e resposta. A ideia é garantir o abastecimento de alimentos e proteger os meios de subsistência.

Um dos elementos mais importantes da agência é o uso da tecnologia móvel para monitorizar a segurança alimentar, os preços dos alimentos e os fluxos comerciais.

Técnicos do PMA estimam que mais de 40 milhões de pessoas em áreas rurais e 9 milhões de residentes em zonas urbanas estão em locais altamente expostos ao El Niño considerado o mais forte em mais de três décadas.

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