Unicef celebra o fim da transmissão do ebola na Guiné
Fundo das Nações Unidas para a Infância alerta que impacto da doença para as crianças não acabou; segundo a agência mais de 22 mil menores perderam um ou ambos os pais no país africano e nos vizinhos Libéria e Serra Leoa.
Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova York.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, celebrou a declaração do fim do surto de ebola na Guiné, quase dois anos após uma criança pequena ter se tornado a primeira vítima da doença na África Ocidental.
A agência da ONU alertou, no entanto, que os milhares de menores que ficaram órfãos por conta do ebola, assim como os que sobreviveram à doença, vão precisar de apoio contínuo.
Órfãos
Segundo o Unicef, mais de 22 mil crianças perderam um ou ambos os pais na nação africana e nos vizinhos Libéria e Serra Leoa.
O representante do Fundo na Guiné afirmou que estes menores “estão traumatizados e continuam a ser estigmatizados em seus bairros”.
Mohamed Ag Ayoya declarou ainda que para milhares de meninas e meninos, o surto não termina nesta terça-feira.
Desafios
Um dos maiores desafios a seguir é reconstruir e fortalecer os sistemas de saúde, que foram profundamente impactados pelo ebola. Na Guiné, por exemplo, a vacinação em crianças com menos de um ano caiu 30%.
O Unicef tem participado da resposta ao surto desde o início, fornecendo suprimentos, água e saneamento, enviando mobilizadores sociais às comunidades, apoiando crianças afetadas e garantindo que meninos e meninas continuem sua educação.
Para a agência da ONU, o surto mostrou como é importante ter as comunidades no centro das respostas a qualquer tipo de emergência.
Rádio Comunitário
O Fundo ressaltou que na Guiné não há um meio de comunicação de massa universal para distruibir mensagens vitais à população em mais de 20 línguas e dialetos.
Assim, rumores e medos se espalham facilmente. Para resolver esta questão, o Unicef construiu seis novas estações de rádio comunitárias e restaurou 23 já existentes.
Na cidade de Forecariah, o Fundo afirmou que os programas de rádio foram um fator muito importante para acabar com o surto.
Banco Mundial
O presidente do Banco Mundial, também emitiu uma nota parabenizando o governo e a população da Guiné pelo fim da transmissão da doença no país.
Jim Yong Kim declarou que o órgão continua apoiando o país enquanto ele tenta superar os enormes custos econômicos e humanos do ebola.
A Guiné foi declarada livre da transmissão do ebola nesta terça-feira pela OMS e o governo do país. Não foi registrado nenhum caso por 42 dias, o dobro do período máximo de incubação do vírus.
A Serra Leoa chegou a este marco em novembro e a expectativa é que a Libéria siga o exemplo em meados de janeiro.
Segundo a OMS, desde o início da epidemia até o momento foram registrados 28.601 casos e 11,3 mil mortes.