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Violência do Boko Haram deixa 1 milhão de crianças fora da escola, diz Unicef

Foto: Unicef/UNI193691/Andrew Esiebo

Violência do Boko Haram deixa 1 milhão de crianças fora da escola, diz Unicef

Nigéria, Camarões, Chade e Níger têm mais de 2 mil escolas encerradas devido ao conflito; cerca de 600 professores perderam a vida devido à ação das milícias em território nigeriano.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Um milhão de crianças estão fora das escolas devido à violência e aos ataques contra civis no nordeste da Nigéria e nos países vizinhos.

A informação foi dada esta terça-feira pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, que aponta o conflito como responsável por "um grande golpe para a educação na região".

Escolas Encerradas

Mais de 2 mil escolas estão fechadas devido aos confrontos na Nigéria, nos Camarões, no Chade e no Níger. Várias encontram-se nessa situação há mais de um ano enquanto centenas de estabelecimentos foram atacados, saqueados ou incendiados.

O Unicef revela que no extremo norte dos Camarões foi aberta apenas uma das 135 escolas fechadas em 2014.

As crianças sem acesso à educação devido ao conflito juntam-se aos cerca de 11 milhões de menores em idade escolar primária que estão fora da escola. Esse total foi registado antes do início da crise nos quatro países.

Risco de Abandono

O diretor regional do Unicef para África Ocidental e Central Manuel Fontaine considera o número "impressionante".

Para ele, além de o conflito ser um grande golpe para a educação, a violência têm mantido muitas crianças fora das salas de aula por mais de um ano colocando-as em risco de "abandonar completamente a escola".

Os confrontos com os insurgentes Boko Haram na Nigéria provocaram a morte de cerca de 600 professores.

Reabertura

Com o apoio da agência da ONU, cerca de 170 mil crianças voltaram a ter acesso à educação nas áreas mais seguras nos três estados mais afetados pelo conflito. Nessas áreas, a maioria das escolas está a ser reaberta.

Fontaine apontou como desafio a manutenção das crianças em escolas seguras sem interromper a sua escolaridade.

O responsável disse que os estabelecimentos têm sido alvos de ataque, daí o medo de retorno das crianças para as salas de aula.

Grupos Armados

O responsável disse que quanto mais tempo estas permanecerem fora dos estabelecimentos maior é o risco de serem abusadas, raptadas e recrutadas pelos grupos armados.

A agência disse ter recebido 44% dos fundos que precisava para responder às necessidades humanitárias este ano das crianças no Níger, na Nigéria, nos Camarões e no Chade.

Em 2016, o Unicef precisa de cerca de US$ 23 milhões para permitir o acesso à educação para as crianças afetadas pelos confrontos nos quatro países que têm a maioria dos beneficiários em torno da região do Lago Chade.

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