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Síria está sofrendo uma “fuga maciça de cérebros” BR

António Guterres em discurso no Conselho de Segurança. Foto: ONU/Manuel Elías

Síria está sofrendo uma “fuga maciça de cérebros”

Alto comissário da ONU afirmou que 86% dos sírios que deixam o país têm educação secundária, quase metade foi para universidade; António Guterres disse que êxodo terá consequências desastrosas na reconstrução pós-conflito do país.

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, afirmou esta segunda-feira que, este ano, quase 1 milhão de refugiados chegou de barco à Europa. Os sírios representam mais da metade desse total.

A declaração foi feita em pronunciamento no Conselho de Segurança sobre a situação no país árabe.

Cérebros

Guterres disse que o resultado de uma pesquisa realizada pelo Alto Comissariado da ONU sobre os refugiados, confirmou o que já se suspeitava.

O chefe do Acnur alertou que a Síria está sofrendo uma fuga maciça de cérebros. Segundo ele, 86% dos entrevistados têm educação secundária e quase metade foi para a universidade.

Guterres disse que “só pode imaginar as consequências desastrosas que esse êxodo vai causar no processo de reconstrução pós-conflito do país”.

O alto comissário declarou que dois terços dos refugiados sírios entrevistados na Grécia fugiram do país neste ano.

Urgente

Ele disse aos membros do Conselho de Segurança que “é urgente chegar a um cessar-fogo nas negociações em Viena”.

No caso dos sírios que estão na Jordânia e no Líbano, Guterres disse que um estudo feito pelo Acnur e pelo Banco Mundial mostrou que 9 em cada 10 refugiados vivem abaixo da linha da pobreza.

Ele explicou que “sem permissão para trabalhar legalmente, os refugiados estão se tornando cada vez mais vulneráveis, dependentes da pouca assistência humanitária e forçados a se endividarem para alimentar suas próprias famílias”.

Guterres declarou que o impacto maior é sobre as crianças que são obrigadas a abandonar a escola, começam a trabalhar ou se casam precocemente. Segundo o Acnur, apenas metade das crianças refugiadas frequenta uma sala de aula.

O alto comissário da ONU deixou claro que o mundo precisa de um “Novo Acordo” entre a comunidade internacional, a Europa em particular, e os países vizinhos da Síria.