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ONU aumenta forças de paz dois anos após início do conflito no Sudão do Sul

Conselho de Segurança quer apoio ao processo de revisão constitucional no Sudão do Sul. Foto: ONU/ Amanda Voisard (arquivo)

ONU aumenta forças de paz dois anos após início do conflito no Sudão do Sul

Conselho de Segurança aprovou envio de mais de 1,1 mil militares e polícias ao país; resolução encoraja a Unmiss a promover reconciliação e fim da escalada da violência; chefe da missão de paz disse que continuam combates no terreno.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Conselho de Segurança estendeu esta terça-feira a presença da Missão da ONU no Sudão do Sul, Unmiss, até 31 de julho de 2016.  A decisão consta de uma resolução aprovada com 13 votos a favor e abstenções da Rússia e da Venezuela.

O órgão decidiu aumentar a presença das forças de paz com mais 500 militares, passando para 13 mil elementos. A polícia da ONU terá 678 efetivos adicionais, que sobem o total para 2001.

Conflito

O documento foi adotado no dia que marca os dois anos do início do conflito entre o governo e rebeldes do Sudão do Sul.

O acordo de paz foi assinado em agosto pelo presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, pelo líder do Movimento de Libertação do Povo do Sudão na oposição, Riek Machar, e pelo representante dos ex-detidos, Pagan Amum.

Na resolução, o Conselho encoraja a representante do secretário-geral da ONU no país a exercer os seus bons ofícios para a execução do acordo, além de promover a reconciliação e o fim da escalada da violência em Juba.

Progresso Lento

Entrevistada pela Rádio ONU, da capital sul-sudanesa, Ellen Loej destacou haver um progresso lento nos elementos essenciais do acordo de paz.

A representante disse que finalmente chegou-se ao entendimento no que foi um dos aspetos positivos no Sudão do Sul, tal como a continuação das negociações e dos encontros sobre arranjos de segurança nas principais cidades e sobre a comissão conjunta de avaliação. Mas destacou que combates prosseguem no terreno mesmo com o acordo de cessar-fogo.

A resolução mantém o mandato da Unmiss de proteção dos civis, acompanhamento e investigação de direitos humanos, criação de condições para oferta de assistência humanitária e apoio da execução do acordo de paz.

Revisão Constitucional

O documento prevê que o mandato da Unmiss apoie o processo de revisão constitucional no Sudão do Sul, de acordo com as recomendações do relatório do secretário-geral apresentado em novembro.

Essas atividades devem seguir-se ao pedido do governo de transição ainda a ser formado. As outras funções da Unmiss destacadas na resolução incluem aconselhar e prestar assistência à futura Comissão Nacional de Eleições.

Força Policial

A resolução prevê a oferta de apoio da operação de paz ao país para a formação da Polícia Integrada Conjunta, uma das razões apontadas para o aumento do efetivo policial destacado no relatório do secretário-geral.

Esta terça-feira, o Conselho de Segurança também aprovou uma resolução que estende por cinco meses a presença de forças da ONU na área de Abyei,  disputada entre o Sudão e o Sudão do Sul.

O órgão considera "inaceitável o ataque ao pessoal das Nações Unidas" na área e apela à responsabilização dos autores.

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