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Necessários cerca de US$ 2 mil milhões para auxílio de emergência ao Sahel

Desnutrição aguda no Sahel afeta 5,9 milhões de crianças menores de cinco anos. Foto: OMS/T. Moran

Necessários cerca de US$ 2 mil milhões para auxílio de emergência ao Sahel

Apelo humanitário da ONU e parceiros foi lançado esta quarta-feira em Dakar; calcula-se que 23,5 milhões de pessoas enfrentem insegurança alimentar na região; ONU cita efeitos da pobreza, da insegurança e das alterações climáticas.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

As Nações Unidas e parceiros precisam de US$ 1,98 mil milhões para fornecer resposta humanitária a milhões de afetados pelas crises na região africana do Sahel.

De acordo com o apelo lançado esta quarta-feira na capital senegalesa Dakar, a atuação vai ocorrer nos nove países que integram a área.

Alimentos

Prevê-se que em 2016, cerca de 23,5 milhões de pessoas não tenham alimentos suficientes. O número equivale a um em cada seis habitantes na região, onde pelo menos 6 milhões devem precisar de ajuda alimentar de emergência.

O coordenador humanitário da ONU para o Sahel disse que as dificuldades devem-se aos efeitos combinados das alterações climáticas, da pobreza extrema, do crescimento populacional rápido e do aumento da violência e da insegurança.

Comunidades Vulneráveis

Para Toby Lanzer, os fatores "minam de forma perigosa as vidas, os bens e as expectativas de várias das comunidades que fazem parte "das mais vulneráveis do mundo".

O responsável disse que é preciso um apoio renovado da comunidade internacional para garantir o auxílio mais básico e a proteção de milhões que merecem "sobreviver e gozar de uma existência digna".

Desnutrição

A desnutrição aguda no Sahel é igualmente considerada uma ameaça à vida e ao desenvolvimento de 5,9 milhões de crianças menores de cinco anos em 2016.

O chefe da Resistência e Emergência no Escritório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, na África Ocidental considera essencial a assistência agrícola.

Vincent Martin anunciou a meta de restaurar a subsistência das pessoas e contribuir para interromper o "círculo vicioso de pobreza e da vulnerabilidade" no Sahel.

O também representante da FAO no Senegal disse que a assistência atempada às várias famílias dependentes da agricultura de subsistência vai permitir que estas continuem a "cultivar o próprio alimento, tenham renda segura e aproveitem as oportunidades económicas locais".

Violência

O Sahel tem 4,5 milhões de deslocados devido ao agravamento da violência, que "piorou a situação já grave" na região. O número representa um aumento de três vezes em menos de dois anos.

Os principais exemplos são a frágil situação no Mali, onde a insegurança dificulta o retorno de cerca de 200 mil pessoas. A violência na Bacia do Lago Chade provocou mais da metade dos deslocados da área.

Terrorismo

Entre as organizações que prestam assistência aos deslocados no nordeste da Nigéria está o Conselho Norueguês de Refugiados, NRC.

O secretário-geral da ONG parceira da ONU disse que "o mundo ainda não despertou para a escala da crise na Bacia do Lago Chade", com 30 milhões de pessoas a viver em áreas afetadas pelo terrorismo das milícias Boko Haram.

Jan Egeland destacou que as ações do grupo provocam medo em populações inteiras e levaram à fuga de 2,5 milhões de pessoas.

Crise Tripla

Lanzer mencionou o aumento das necessidades humanitárias como o sintoma mais visível da "crise tripla de pobreza, da insegurança e das alterações climáticas que assola a região do Sahel".

O responsável disse que vai prosseguir da entrega de alimentos essenciais, de cuidados de saúde, água potável e saneamento para famílias; tratamento de crianças por desnutrição e o esforço para que as pessoas continuem em escolas.

Ele revelou ainda o compromisso do trabalho com os países e organizações envolvidos em programas de desenvolvimento e de estabilização.

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