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12 mil sírios estão isolados na fronteira tentando entrar na Jordânia BR

Refugiados sírios chegam na Grécia. Foto: Acnur/I. Prickett

12 mil sírios estão isolados na fronteira tentando entrar na Jordânia

Acnur reconhece que país já recebeu mais de 630 mil refugiados, mas faz um apelo para que deixe entrar milhares de civis; pesquisa aponta que 86% dos sírios que chegaram à Grécia têm alto nível educacional.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova York. 

A agência da ONU para Refugiados, Acnur, está seriamente preocupada com 12 mil sírios que estão retidos em áreas remotas no nordeste da fronteira com a Jordânia, em condições difíceis.

Segundo o Acnur, há idosos, doentes, crianças e mulheres nos grupos. Os refugiados estão em uma área montanhosa sem sombra, água ou vegetação. O total de pessoas na região está subindo rapidamente, já que no começo de novembro, eram 4 mil civis retidos.

Crianças

Nesta terça-feira, o Acnur fez um apelo ao governo da Jordânia, para que autorize a entrada dos refugiados no país, especialmente crianças e adultos em situação vulnerável.

A agência da ONU disse que grávidas tiveram de dar à luz em condições sem saneamento. Outras reclamações médicas dos sírios incluem infecções respiratórias, gastroenterite e doenças de pele, como sarna.

As condições de saúde pioram com aumento dos casos de diarreia, vômito e desnutrição aguda em crianças. Segundo o Acnur, se o grupo não puder entrar na Jordânia, a vida das pessoas corre risco com a chegada do inverno.

Impactos

A agência da ONU reconhece que a Jordânia já recebeu 630 mil refugiados da Síria, o que colocou um enorme peso sobre a economia e a infraestrutura do país.

O Acnur afirma também entender as preocupações de segurança do governo da Jordânia, mas destaca estar pronto para reforçar o esquema de registro de refugiados no acampamento de Azraq para que toda a população passe por uma triagem completa.

Pesquisa

Nesta terça-feira, o Acnur também divulgou os resultados de um questionário feito com 1,2 mil refugiados sírios que chegaram na Grécia entre abril e setembro.

Entre os entrevistados, 86% tinham alto nível educacional, tendo completado o segundo grau ou a faculdade e 25% estavam procurando por algum familiar perdido na Síria.

A maioria fugiu da Síria em 2015 saindo de Damasco ou Alepo, 85% dos que deixaram a região conseguiram chegar à Grécia na primeira tentativa. Estudantes, professores, advogados, médicos, designs, especialistas em TI e cabelereiros formam os principais grupos de refugiados sírios.

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