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Unesco destaca início de revolução industrial criativa em África

A liberalização de setor audiovisual no principio de 2010 permitiu a abertura de mais estações de rádio e TV. Foto: Banco Mundial

Unesco destaca início de revolução industrial criativa em África

Filmes nigerianos rendem até US$ 800 milhões por ano; África do Sul regista forte movimento de apoio às artes visuais; relatório sobre indústrias culturais e criativas  alerta para tendência oposta nas duas áreas artísticas no Egito.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Um relatório da Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, destaca o "início de uma revolução industrial criativa" em África.

O estudo revela que governos do continente que antes "deram pouca atenção às indústrias culturais e criativas, reconhecem cada vez mais o valor do desenvolvimento cultural".

Empregos                                                                    

Um dos exemplos citados no documento é a expansão da habilidade para criar empregos, exportar ganhos e gerar impostos pelo setor na Nigéria.

A indústria de cinema local conhecida como "Nollywood" é a segunda área económica que mais emprega no país. São 300 mil colaboradores diretos envolvidos e receitas entre US$ 500 milhões e US$ 800 milhões por ano, a seguir à agricultura.

Indústria Mundial

Cerca de 40 filmes nigerianos são lançados por semana, na que é considerada a segunda maior indústria mundial de cinema em termos do número de produções que saem ao mercado. A primeira é a chamada Bollywood da Índia.

O relatório ressalta inigualável apetite por bens e serviços culturais pelos africanos, que consomem cada vez mais produtos da área "a nível ultra local, nacional, internacional ou digital".

A liberalização de setor audiovisual no principio de 2010 permitiu a abertura de mais estações de rádio e TV. A atual dinâmica também é impulsionada pela chegada à região de plataformas de áudio e vídeo com diversos conteúdos.

Um outro fator associado ao impulso cultural em África é o melhoramento da infraestrutura de telecomunicações e das conexões da internet, ainda em fase inicial.

Smartphones e Tablets

Para a Unesco, a apetência pela cultura será rapidamente reforçada pela aquisição de smartphones e tablets por jovens no continente, onde se espera que os cerca de 1,1 mil  milhão habitantes atuais tenham mais 400 milhões nos próximos 20 anos.

Mas o  relatório sobre as Indústrias Culturais e Criativas destaca o Egito pela queda de receitas nas artes visuais após a primavera árabe de 2011. Por exemplo, o Museu da Núbia que atraiu um recorde de 1 milhão de visitantes em 2010 viu cair o número para 250 mil no ano passado.

Pirataria

Os protestos marcaram também a redução da demanda por filmes egípcios a favor das produções dos Estados Unidas e da Índia. Os problemas na indústria cinematográfica egípcia incluem a pirataria, por canais via satélite e sites de cinema, e o fraco apoio estatal dado à área.

Pelo contrário, na África do Sul vive um forte movimento de apoio às artes visuais, com espaços para que os artistas possam expor as suas obras e para a ação de ONGs e instituições que financiam a área.

Volume

As artes visuais sul-africanas foram responsáveis por um volume de negócios de cerca de US$ 16,5 milhões. A área empregou 7,7 mil em 2010.

Em todo o mundo, as indústrias culturais e criativas produzem um total de US$ 2,250 mil milhões anuais, ganhos que superam a renda da indústria de telecomunicações.

O total de funcionários é de 29,5 milhões de pessoas, ou 1% da população ativa mundial, que de forma combinada ultrapassam os empregados dos fabricantes de automóveis da Europa, do Japão e dos EUA.

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