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Unfccc reafirma que compromissos climáticos dos países ainda não chegam

Foto: Pnuma

Unfccc reafirma que compromissos climáticos dos países ainda não chegam

Entidade da ONU quer reforço de medidas para que emissões de gases de estufa não ultrapassem 2 graus até ao fim deste século; Angola e Brasil em novo relatório que destaca medidas para impulsionar ações dos países.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A Convenção Quadro da ONU sobre Mudança Climática, Unfccc, pede urgência dos países no reforço de medidas para reduzir as emissões de gases de estufa porque considera os atuais compromissos climáticos insuficientes.

O relatório Ação Climática Agora: Resumo para Responsáveis Políticos 2015 foi lançado, esta quarta-feira, em Bona, na Alemanha.

Fosso nas Emissões

A expectativa da entidade da ONU é que as informações do documento levem os países a aumentar a sua ambição de reduzir ainda mais o fosso entre os níveis de emissões nas ações propostas até 2020.

A Unfccc acredita igualmente que com os dados do informe podem ser criadas  as bases para a ação depois dos próximos cinco anos. A meta é limitar o aumento da temperatura média global em 2 graus Celsius até 2100.

Falando a jornalistas no lançamento do relatório, em Bona, a secretária executiva da Unfccc disse que grande parte das economias já apresentou planos nacionais de proteção do clima.

Christiana Figueres considerou impressionante que todos os países desenvolvidos tenham apresentado as suas Incd, sigla em inglês para Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida. Cerca de 130 nações em desenvolvimento incluindo economias consideradas muito menores já o fizeram.

O informe destaca Angola como uma das economias em desenvolvimento onde existem subsídios ineficientes à redução das emissões. O Unfccc disse que o país tira vantagem dos preços baixos do petróleo para cortar os subsídios aos combustíveis fósseis assim como o Egito, a Etiópia, a Indonésia e o Marrocos.

Um modelo de solução que envolve a cooperação internacional é a Parceria Global Resiliência, criada para ajudar milhões de pessoas vulneráveis na região africana do Sahel, no Corno de África e no Sul e no Sudeste da Ásia.

O relatório defende que a abordagem promove a melhor adaptação aos choques e crises climáticas e o investimento para um futuro mais resiliente.

Brasil

O Brasil é citado como um exemplo pelos corredores de trânsito de alta densidade, que fazem parte do plano diretor da cidade de Curitiba para promover o desenvolvimento residencial e industrial.

O sistema de trânsito é um dos mais usados e está entre uma das alternativas mais económicas do mundo.

O país está entre as nove regiões globais com 80% das vendas de automóveis, os quais estabeleceram ou propuseram padrões de emissão de gases de efeito de estufa para veículos ligeiros.

Espera-se que essas medidas melhorem a média de eficiência de energia em cerca de metade entre os anos 2000 e 2025.

image Desenvolvimento Limpo

O informe menciona ainda o uso de receitas do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo para reduzir em mais de metade as emissões de óxido nitroso.

O Brasil usou o plano ABC sobre agricultura de baixo carbono, com medidas que aumentaram a produção nacional das culturas em 64% entre 2005 e 2013, numa área agrícola que se expandiu em apenas 9%.

O informe considera significativas as promessas de emissões feitas pelos países antes de 2020, mas destaca que não vão tão longe como deviam para limitar o aquecimento global em 2 graus Celsius.

As Nações Unidas calculam que as emissões globais de gases com efeito de estufa estejam entre 52 e 54 giga toneladas de equivalente de dióxido de carbono, CO2, em 2020.

Lacuna

O informe declara que as estimativas são significativamente mais altas que a trajetória compatível com emissões de 2 graus, resultando numa "lacuna significativa das emissões ".

Para compensar o défice de emissões o Unfccc descreve políticas, medidas e ações que os países podem replicar e ampliar como parte de seus esforços para acelerar a ação de mitigação nos próximos cinco anos.

As áreas com maior potencial de mitigação incluem energia renovável, eficiência energética, ambiente urbano, uso da terra além da captura, uso e armazenamento de carbono, metano e outros gases de efeito estufa.

Tecnologia e Capacitação

Para ações de mitigação mais eficazes, o informe destaca ser preciso liderança e vontade de agir, iniciativas de cooperação para mobilizar a ação do clima e medidas como apoio financeiro, transferência de tecnologia e capacitação.

A Unfccc declarou ter o  potencial de impulsionar a ajuda aos países para que estes superem as barreiras para mitigação.

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