Somália: Ban diz que operações militares apenas não vão derrotar al-Shabaab

Conselho de Segurança aprova nova configuração para apoiar ações da organização no país; mensagem do chefe da ONU destaca mais investimentos em áreas como segurança comunitária, direitos humanos e oportunidades.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*
O secretário-geral das Nações Unidas declarou que as "operações militares só por si não vão derrotar as milícias al-Shabaab" na Somália.
Em mensagem apresentada esta segunda-feira pela sua chefe de Gabinete, Ban Ki-moon renovou o seu apelo para o apoio a "uma abordagem abrangente", que inclua a ameaça das milícias e ofereça uma alternativa melhor aos somalis.
Oportunidades
Ao ler o pronunciamento no Conselho de Segurança, Susana Malcorra citou necessidades como maiores investimentos na segurança da comunidade, nos direitos humanos, na justiça e em oportunidades económicas especialmente para os jovens.
A nota do chefe da ONU realça a necessidade de denunciar a propaganda do grupo al-Shabaab, abordar as queixas que impulsionam o recrutamento de membros além de abrir caminho para que todos possam renunciar à violência.
Para Ban, a melhor maneira de enfraquecer a atração do extremismo é reforçar as oportunidades para que as pessoas tenham um futuro melhor no país do Corno de África.
Segurança
Ban pediu mais doações dos países para o Novo Pacto sobre a Somália antes da sua revisão em fevereiro, em Istambul. Como defendeu, o benefício do investimento nos somalis terá impacto na segurança da região e do mundo.
A mensagem destaca ainda a urgência de se dar oportunidades às mulheres e meninas que sofrem da pobreza, da violência, dos abusos e não têm participação equilibrada na tomada de fortes decisões na Somália.
Mulheres no Parlamento
Ban instou ao Governo Federal somali que ultrapasse os 30% da representação feminina no Parlamento. Para o chefe da ONU, garantir os direitos humanos básicos é essencial para oferecer uma alternativa credível ao extremismo.
Ao destacar a importância dos direitos fundamentais, Ban reiterou que todas as operações contra o extremismo violento devem respeitar plenamente esses princípios.
Nova Configuração
Na sessão, os Estados-membros do Conselho de Segurança aprovaram uma nova configuração para a estrutura ao pessoal da organização que atua na Somália.
O Gabinete de Apoio das Nações Unidas na Somália, Unsos, vai passar a dar assistência a 22,126 elementos uniformizados da Missão Conjunta da ONU e da União Africana, Amisom.
Operações Conjuntas
Além disso, o trabalho da entidade reformulada vai cobrir o pessoal da ONU na Somália, composto por 70 civis, e 10,9 mil tropas que incluem o exército nacional em caso de operações conjuntas.
As alterações respondem a recomendações do secretário-geral que incluem o apoio não-letal para a Polícia Nacional da Somália e a soldados da área semi-autónoma da Puntlândia que farão parte do exército somali.
A sessão presidida pelo secretário de Estado britânico dos Negócios Estrangeiros e da Commonwealth, Philip Hammond, contou com o primeiro ministro da Somália, Omar Sharmarke, e o representante especial para a Somália Nicholas Kay.
*Apresentação: Denise Costa.
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