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Venda de cabeça de gado a US$ 7,5 retrata seriedade da seca na Etiópia

A Etiópia registou um aumento de um terço nas admissões de crianças gravemente desnutridas com menos de cinco anos. Foto: Binyam Teshome / Banco Mundial

Venda de cabeça de gado a US$ 7,5 retrata seriedade da seca na Etiópia

Chefe do PMA no país disse que custo é 10 vezes inferior ao do que se podia esperar na época de escassez; fenómeno climático El Niño provoca fraca queda de chuvas; previsões indicam situação mais grave no próximo ano.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A Etiópia triplicou o número de pessoas que dependem do apoio do Programa Mundial de Alimentação, PMA, em 10 meses.

De acordo com a agência, o total subiu de 2 milhões em janeiro para os atuais 6 milhões de pessoas.

Crise

O representante da agência no país, John Aylieff, usou o exemplo  de seriedade do problema um pastor de gado etíope que vendeu o seu último animal a US$ 7,5. O responsável falou à Rádio ONU sobre o cenário, que é considerado mais grave em seis regiões etíopes.

Aylieff  disse ter havido antes uma venda significativa de gado a preços favoráveis para os produtores. Como contou, um pastor com o qual o PMA teve contacto vendeu a última cabeça de gado bovino do seu rebanho ao valor, que corresponde a menos de 10% do que se podia esperar nesta época do ano, que seria em torno de US$ 75.

Malnutrição

O representante disse que além do aumento de necessitados, sobem os índices de malnutrição em crianças e  os casos de mulheres que precisam de apoio. Em 2016, prevê-se que a situação seja mais grave.

De acordo com agências humanitárias, a que é considerada a maior época de colheita foi praticamente perdida devido às chuvas erráticas. Entre 80% e 85% das populações locais dependem da sua queda regular para produzir.

El Niño

As pessoas emigram para outras áreas. No total, calcula-se que mais de 8 milhões de etíopes vão precisam de ajuda alimentar com a queda das safras provocadas pelo fenómeno climático El Niño.

A pior seca em 30 anos pressiona as áreas humanitárias a "níveis que já ultrapassaram os que foram observados na seca de 2011 no Corno de África"